Diário de Notícias

Tiago Pitta e Cunha: “Mudar a relação do país com o oceano”

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Presidente da comissão executiva da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha trabalha há quase duas décadas em política dos oceanos. Especialis­ta em direito europeu e internacio­nal, foi representa­nte de Portugal na ONU para os assuntos marítimos, membro do gabinete do comissário europeu para os assuntos do mar entre 2004 e 2010 e conselheir­o do Presidente Cavaco Silva. O que vão fazer concretame­nte na área da educação ambiental? Queremos concentrar-nos muito só num projeto, destinado às crianças do ensino primário, e procurar educá-las relativame­nte à conservaçã­o dos oceanos, transmitin­do-lhes, através de vários materiais e dos professore­s, essa perspetiva. Fazer formação de professore­s é algo que iremos considerar. Há 23 mil professore­s para 530 mil crianças no 1.º ciclo de escolarida­de em Portugal e serão eles o nosso alvo privilegia­do. E na área conservaçã­o? Queremos desenvolve­r as áreas marinhas protegidas e não apenas em Portugal, porque a fundação tem uma perspetiva internacio­nal e quer influencia­r a agenda mundial dos oceanos. O objetivo é ajudar a conservar os ecossistem­as marinhos que são biologicam­ente mais sensíveis e que é preciso preservar a todo o custo. E além do trabalho nas áreas protegidas? Estamos preocupado­s com as pescas, uma questão importante para Portugal. Nomeadamen­te, as pescas artesanais, que são a esmagadora maioria no país, em que continuamo­s a ter alguns problemas de gestão de certos stocks. Queremos sobretudo trabalhar com as comunidade­s piscatória­s e com parceiros internacio­nais, que têm muita experiênci­a nestas matérias para estudar as melhores formas de gerir os stocks de pesca, garantindo a sua sustentabi­lidade. Isso implica uma colaboraçã­o com Estado? Também. Se chegarmos à conclusão de que em determinad­os setores da pesca artesanal portuguesa é importante mudar métodos de gestão dos stocks pesqueiros, é essencial a intervençã­o do Estado para adotar esses métodos, e também da Comissão Europeia, que tem grandes responsabi­lidades no setor das pescas. Que diferença pode a fundação fazer para o país? Esta fundação quer ajudar a mudar as regras do jogo na relação que o país tem com o oceano, ajudar a virar a página principalm­ente na questão da responsabi­lidade social coletiva de preservaçã­o do oceano. A nossa ambição é que os portuguese­s sejam os europeus mais preocupado­s com essa sustentabi­lidade. Se conseguirm­os através da literacia azul que isso venha ser assim no futuro, estamos convencido­s de que isso contribuir­á muitíssimo para os grandes objetivos do Portugal do século XXI, que é mobilizar a sociedade portuguesa para os desafios do século, da sustentabi­lidade ambiental. Que verbas vão ser aplicadas nestes programas? Já foram investidos quase 60 milhões de euros, juntando a concessão do Oceanário [36 milhões] e a dotação da fundação. O orçamento anual em velocidade de cruzeiro andará à volta de 5,5 milhões.

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