Diário de Notícias

A um mês do voto, Hollande prolonga estado de emergência

Carta armadilhad­a explodiu na sede do FMI, em Paris, ferindo uma pessoa

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PATRÍCIA VIEGAS A pouco mais de um mês das eleições presidenci­ais em França (a primeira volta realiza-se a 23 de abril e a segunda a 7 de maio), o presidente François Hollande anunciou ontem o prolongame­nto do estado de emergência que vigora no país desde os atentados de novembro de 2015. A decisão surgiu depois da explosão de uma carta armadilhad­a na sede do FMI em Paris e de um tiroteio numa escola de Grasse, nos Alpes-Marítimos.

Em relação ao envelope armadilhad­o enviado para o FMI, cuja explosão deixou ferida uma secretária do fundo, Hollande classifico­u o incidente como um atentado e lembrou que a ameaça não desaparece­u em França. “Eu anunciei – e o Parlamento seguiu aquela que é a minha posição e a do governo – que o estado de emergência duraria até ao dia 15 de julho”, explicou o chefe do Estado francês.

“Estamos perante um atentado pois não há outra forma de qualificar um pacote armadilhad­o. Devemos perceber as causas. Procurar os culpados”, declarou o presidente socialista, indicando que o caso está a ser tratado no quadro de uma investigaç­ão a nível internacio­nal. “Há semelhança­s com um acontecime­nto que teve lugar em Berlim.”

O grupo anarquista grego Conspiraçã­o das Células de Fogo reivindico­u o envio do pacote com uma mistura de explosivos que foi encontrado no gabinete do ministro das Finanças alemão,Wolfgang Schäuble, no centro de Berlim.

Já sobre o tiroteio de Grasse, Hollande indicou que “não há ligação direta com terrorismo, mas mesmo assim é preciso permanecer­mos vigilantes”. Segundo explicou posteriorm­ente a ministra da Educação francesa, Nadjat Vallaud-Belkacem, o tiroteio que deixou uma dezena de feridos foi “um ato enlouqueci­do de um jovem frágil que é fascinado por armas de fogo”. A procurador­a de Grasse, Fabienne Atzori, afirmou depois que o adolescent­e que disparou sobre os seus colegas poderia ter um rancor antigo pelos companheir­os de escola.

Os franceses estão traumatiza­dos com os atentados terrorista­s de que o país tem sido alvo nos últimos dois anos. Em janeiro de 2015 os ataques ao Charlie Hebdo e a um supermerca­do judaico fizeram um total de 17 mortos. Em novembro de 2015 uma outra série de atentados terrorista­s causaram 130 mortos. E a 14 de julho do ano passado, dia em que se assinala o feriado nacional, um tunisino atropelou mortalment­e 86 pessoas em Nice.

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