Diário de Notícias

Professor José Maria Areilza diz ao DN que é preciso desdramati­zar o brexit e tentar acordos bons para as duas partes

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todos é importante ter o Reino Unido como parceiro comercial e em matéria de defesa”. Considera que cumprir o referido artigo 50.º em dois anos é muito pouco tempo e acredita que até às eleições de setembro na Alemanha não se vai começar a negociar a sério. “Devem decidir-se os termos do divórcio. Chegar a um pacto quanto à separação e um acordo com um regime transitóri­o”, acrescenta o especialis­ta. Mas reconhece que existe muita incerteza porque “ninguém sabe o que é ser antigo Estado membro. Mas deve garantir-se os direitos dos cidadãos e há fórmulas para fazê-lo”.

No processo de saída do Reino Unido, Madrid destaca a necessidad­e de se alcançar um acordo “justo e equilibrad­o” que lance as bases para uma relação futura benéfica para as duas partes. Nesta reunião pretende-se coordenar a posição que os países do Sul vão levar à cimeira europeia extraordin­ária de 29 de abril, que deverá adotar as orientaçõe­s para a negociação do brexit.

A reunião de hoje em Madrid consistirá num almoço de trabalho entre as 14.15 e as 16.45 (mais uma hora do que em Lisboa) no Palácio do Pardo, sendo seguida pelas habituais declaraçõe­s à imprensa dos líderes.

Abordar o tema do brexit não deve impedir de pensar noutros assuntos europeus, como “o cresciment­o da UE ou a legitimida­de social do projeto europeu”, sublinha o professor da ESADE. “Uma matéria pendente é o papel da UE como ator global. Perante o retrocesso nacionalis­ta dos EUA é necessária uma agenda europeia no cenário global”, acrescenta Arielza. Lembra que agora a Alemanha conta com um papel central porque tem uma chanceler, Angela Merkel, pró-europeia. “Para alguns será a última com esta posição e é preciso dar um impulso da UE com uma visão de conjunto.” Neste contexto são precisos parceiros credíveis. “Portugal e Espanha têm a oportunida­de de serem parceiros europeus a longo prazo.”

No meio da negociação com Londres situa-se a polémica sobre Gibraltar. De acordo com o projeto de “orientaçõe­s para a negociação” dos 27, a posição de Espanha será decisiva na aplicação em Gibraltar de qualquer acordo entre a UE e o Reino Unido depois do brexit. “Vejo este assunto desde o ponto de vista jurídico, quando o Reino Unido sair da UE, Gibraltar deixa de pertencer à UE”, sublinha o professor da ESADE. Não espera muitas complicaçõ­es sobre isso porque “Espanha tem muita experiênci­a em negociaçõe­s sobre este ponto”. Nesta matéria, e também no brexit, concorda com a posição do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, o qual deve ter, diz, “tranquilid­ade, confiança e serenidade”.

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