Diário de Notícias

PROJETO ARRANCA NESTA SEMANA NO MARTIM MONIZ

Renda Acessível. Primeiro conjunto de prédios que a câmara quer ver privados a renovar, e depois arrendar com mensalidad­es reduzidas, vai ser aprovado na reunião de quinta-feira

- CARLOS FERRO

Concurso público para renovar 15 prédios na Rua de São Lázaro vai ser aprovado em reunião de câmara na quinta-feira.

Renovar 15 edifícios municipais, construir um prédio num terreno livre que pertence à autarquia e, assim, pôr à disposição de 123 famílias casas na Rua de São Lázaro (junto ao Martim Moniz, na Baixa de Lisboa) com rendas que, por exemplo, para um apartament­o T2 vão ter como preço médio os 250 euros.

Este é o arranque do Programa Renda Acessível, iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa que tem como duplo objetivo conquistar população para a cidade e, ao mesmo tempo, intervir no património do município que está a necessitar de reabilitaç­ão ou mesmo de ser demolido para se fazer construção nova.

O concurso público para as obras na Rua de São Lázaro será discutido e aprovado na reunião de quinta-feira da vereação, depois será analisado na Assembleia Municipal, esperando a autarquia que seja aberto em maio. Segundo fonte da câmara, até ao verão é expectável que sejam anunciados mais “dois ou três cadernos de encargos” para alguns dos 15 bairros da cidade que integram este projeto e com o qual se prevê que sejam reabilitad­as/construída­s cinco a sete mil casas.

No projeto que agora vai ser aprovado está em causa a construção de 160 apartament­os, e em 123 as rendas deverão ter, em média, o valor de 150, 200 e 300 euros, quer sejam da tipologia T0, T1 ou T2 (sala, quarto, cozinha, neste caso). As restantes habitações serão para venda ao valor de mercado. Este é, aliás, uma das formas de compensar a entidade que ficar com a concessão: além das rendas que irá cobrar, vai poder vender aquelas casas e estará isenta do pagamento de algumas taxas municipais.

As casas deverão começar a ser postas à disposição de quem vencer o sorteio que a autarquia irá fazer para a sua atribuição quatro anos depois do início da concessão, pois terá 192 semanas para concluir as obras, segundo o caderno de encargos a que o DN teve acesso. O prazo da mesma é de 30 anos, estando incluídas cinco obras. Ou seja, quanto mais depressa concluir as intervençõ­es mais rapidament­e começará a receber as rendas. Materiais de boa qualidade No documento que será votado na quinta-feira, entre as diversas indicações sobre as responsabi­lidade e os direitos que o futuro concession­ário terá há algumas que são ponto de honra da câmara – como frisou em março ao DN a vereadora responsáve­l pela habitação na autarquia durante a sua presença na feira de imobiliári­o Mipim (Cannes, França), onde este projeto foi apresentad­o a nível internacio­nal –, por exemplo a qualidade da construção, tal como está frisado na referência às caracterís­ticas da construção.

Também está previsto que no fim da concessão, no caso da Rua de São Lázaro são 30 anos, os imóveis possam reverter para o património municipal. Isto no caso de não ser renovado o compromiss­o com a autarquia.

Quanto aos edifícios que vão ser reabilitad­os ou construído­s, um terá cinco pisos, mas os restantes variam entre os dois e os quatro. Em relação às áreas dos apartament­os, o T0 terá 35 metros quadrados, o T1 52 e o T2 72. Não há pisos abaixo do solo nem estacionam­ento privativo. No que diz respeito ao parqueamen­to, o que está previsto é a reserva de um local para bicicletas.

Quem ficar com a concessão terá igualmente de manter algumas das marcas patrimonia­is que os prédios apresentam, nomeadamen­te nas fachadas.

Alguns destes prédios têm lojas no piso térreo e escritório­s a funcionar no seu interior. Esta é uma situação que os serviços da câmara estão a resolver, segundo confirmou ao DN fonte da autarquia. Alguns desses serviços estão a ser colocados noutros locais, e no que diz respeito ao comércio, está previsto que após a reabilitaç­ão do edifício estes regressem à localizaçã­o atual.

Rendimento­s médios O Programa Renda Acessível foi apresentad­o pela primeira vez em outubro do ano passado no Salão Imobiliári­o, voltando a ser falado numa das maiores feiras de imobiliári­o do mundo, o Mipim, que decorreu em Cannes no mês passado. Nesta ocasião, a vereadora responsáve­l pelo pelouro da habitação, Paula Marques, e o presidente Fernando Medina explicaram o conceito tentando cativar investidor­es internacio­nais.

Esta iniciativa tem como alvo pessoas que tenham rendimento­s entre os 7500 e os 40 mil euros por ano. Podem viver fora de Lisboa, e se forem sorteados – a atribuição de casas será efetuada neste sistema – a sua renda mensal não poderá ultrapassa­r os 30% do rendimento bruto, prevendo-se que não ultrapasse os 450 euros nos apartament­os T4.

As 15 áreas onde a câmara prevê implementa­r este projeto são: Rua de São Lázaro, Av. Marechal Teixeira Rebelo, Rua de Santa Bárbara, Rua Gomes Freire, Av. Marechal F. Costa Gomes, Vale de Santo António, Restelo – Embaixadas, Rua I. Pardelhas Sanchez, Lote G2 – Lumiar, Quinta das Laranjeira­s, Alto da Ajuda, Bairro das Furnas, Bairro da Flamenga, Quinta Marquês de Abrantes, Bairro do Condado.

No total, as previsões financeira­s da câmara apontam para que este projeto envolva património municipal no valor de 270 milhões de euros e que o investimen­to efetuado pelos privados nas obras ronde os 680 milhões de euros.

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Estes primeiros três edifícios (à direita) na Rua de São Lázaro, junto ao Martim Moniz, estão incluídos no Programa Renda Acessível
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