Lisboa vs. Bruxelas

Ao contrário do que aconteceu em Lisboa na cimeira de 2010, a reunião dos líderes da Aliança Atlântica que hoje decorre em Bruxelas acontece num momento de tensão entre os aliados e o regime russo. A interferência na situação na Ucrânia (com a anexação da Crimeia) e o apoio, na Síria, ao regime de Bashar al-Assad são apenas dois dos dossiês que opõem os dois campos. Em 2010, em Lisboa, o ambiente era de desanuviamento, tendo o presidente russo da altura, Dmitri Medvedev, estado inclusivamente na capital portuguesa. Declarou-se aí que a Guerra Fria tinha sido enterrada para sempre. Que aliados e russos iriam colaborar uns com os outros em relação à defesa antimíssil e nada seria feito pela NATO sem informar a Rússia. E vice-versa. Desde então muito mudou. Vladimir Putin voltou ao Kremlin em Moscovo. E na Casa Branca Barack Obama deu lugar a Donald Trump. Este tem sido constantemente bombardeado com acusações de ligações dúbias à Rússia, ao mesmo tempo em que tem mostrado algum desprezo pela Europa. Na importância que dá à UE, porém,Trump não andará muito longe do seu antecessor. Em 2010 também houve em Lisboa a primeira cimeira UE-EUA, adiada de maio para novembro desse ano. A reunião-relâmpago durou mera hora e meia e, no final, houve apenas uma declaração aos Sem direito a quaisquer perguntas.