Uma vitória gigante de Gastão Elias sobre Del Potro
Número dois português bateu o argentino em Lyon, num dos melhores triunfos da históra do ténis luso, e hoje enfrenta Milos Raonic
Dizer que se tratou da melhor vitória de sempre de um tenista português é um passo arriscado, tendo em conta outros resultados de vulto como aquele que permitiu a João Sousa conquistar o primeiro torneio ATP, em Kuala Lumpur, em 2013, contra o espanhol David Ferrer (então n.º 4 mundial) – ou outras vitórias sobre top10 mundiais, como a do próprio Gastão Elias diante de Gael Monfils (7.º), em Estocolmo, em outubro passado. Mas o que não levanta discussão é que Gastão Elias conseguiu ontem, sobre o argentino Juan Martin del Potro, um momento gigante da história do ténis português.
Numa altura em que o número 1 português, João Sousa, acumula eliminações sucessivas na primeira ronda, e quando o próprio Gastão Elias tinha caído, nas últimas semanas, para fora do top 100 mundial, a vitória do tenista da Lourinhã surge como um tónico de ânimo para o ténis português. Elias, atualmente 125.º do ranking ATP, depois de ter chegado à sua melhor classificação em outubro passado (57.º), bateu o “gigante” argentino em dois sets, nos oitavos-de-final do torneio ATP 250 de Lyon, em França, com os parciais de 7-6 (0) e 6-4.
Del Potro é atualmente “apenas” o 30.º melhor jogador no ranking ATP, mas é um ex-campeão do US Open (2009) e antigo n.º 4 mundial (2010) que, depois de um longo período afetado por lesões, regressou aos courts com sucesso no ano passado, tendo mesmo chegado à final olímpica (perdeu para Andy Murray), no Rio de Janeiro, depois de deixar pelo caminho o português João Sousa, na segunda ronda. A Torre de Tandil, como é conhecido devido à elevada estatura (1,98 m)e à cidade argentina onde nasceu, ganhou até o prémio de “melhor regresso do ano” em 2016.
O bicampeão do antigo Estoril Open (2011 e 2012), que este ano teve de desistir do torneio português logo após a primeira ronda, devido à morte de um avô, ainda não tinha perdido com nenhum tenista de fora do top 10 este ano. Até encontrar ontem Gastão Elias.
O português, que fez a pré-época em Buenos Aires e tem um treinador argentino (Fabian Belengino) que conhece bem Del Potro, com quem já trabalhou na Taça Davis, chegou ao encontro embalado por uma série de três vitórias consecutivas no torneio – Elliot Benchetrit (França, 932.º ATP), Renzo Olivo (Argentina, 91.º), ambos no qualifying, e Radu Albot (Moldávia, 86.º), na primeira ronda do quadro principal. “Joguei como queria e acreditei sempre que era possível. Tentei controlar eu os pontos o mais possível, para que ele não ficasse cómodo e a ‘destruir’, que é o que ele gosta de fazer”, explicou no final, à agência Lusa. O jogador português disse ainda ter aproveitado “muito bem as oportunidades” e reconheceu: “Joguei o meu melhor ténis nos momentos decisivos, o que é muito positivo para o meu jogo.” Agora, Elias terá de subir mais um nível de dificuldade e defrontar hoje, nos quartos-de-final, o canadiano Milos Raonic, primeiro cabeça de série do torneio de Lyon e n.º 6 do mundo, que venceu ontem o uzbeque Denis Istomin (81.º ATP) por 6-4 e 6-3.
Já Del Potro referiu que não está nas melhores condições físicas e deixou em dúvida a sua participação em Roland Garros, na próxima semana. “Sinto dores no ombro e nas costas. Irei para Paris e brevemente tomarei uma decisão sobre Roland Garros“, afirmou. Pedro Sousa em Roland Garros Entretanto, outro português, Pedro Sousa (155.º ATP), ficou ontem a apenas uma vitória de distância de uma inédita entrada no quadro principal de Roland Garros, ao bater o canadiano Steven Diez (180.º) por 6-3 e 7-5. Agora, terá de ultrapassar o veterano russo Teymuraz Gabashvili (146.º), ex-43.º mundial, para aceder ao quadro principal.