Cherchesov: “Portugal é um extraordinário exemplo de eficácia”
Stanislav Cherchesov, selecionador da Rússia, optou por fazer algumas experiências para esta competição, escolhendo nos convocados para a Taça das Confederações um misto de juventude com alguns jogadores mais experientes. Coloca a Alemanha como a principal favorita, mas diz que Portugal é um exemplo a seguir, sobretudo por aquilo que fez no último Campeonato da Europa. A divulgação dos convocados para a Taça das Confederações causou alguma surpresa, dadas as ausências de alguns dos principais jogadores. Muitos analisam estes 23 como uma preparação para o futuro e mais concretamente para o Mundial de 2018. É esta a sua visão? Esta é a convocatória que entendi ser a melhor para planear o futuro da equipa, para poder construir uma equipa forte. Infelizmente, não podemos contar com alguns jogadores, uns por lesão e outros porque pediram para não estar presentes nesta competição, mas vamos preparar o futuro da seleção da Rússia com estes que entendemos serem os melhores para esta prova. Vê neste grupo talento suficiente para que a Rússia vença a prova, até porque jogam em casa? O nosso objetivo, como referi, é preparar o futuro. Temos muitos jogadores jovens na equipa, queremos que eles cresçam e daí entendermos que participarem numa competição como esta é fundamental para esse mesmo crescimento. Temos a competição mais importante a nível de seleções para o ano [Mundial], que se disputa também na Rússia, e queremos estar bem preparados. Não vou dizer que somos favoritos, há muito boas seleções, mas é claro que gostaríamos de fazer tudo bem e chegar ao fim e vencer, sobretudo pelos nossos adeptos. Mas não podemos prometer nada. Aliás, a única promessa que posso fazer é que queremos construir uma equipa forte para o futuro. É claro que não queremos apenas participar, queremos colocar-nos à prova, até porque aqui estarão muitos campeões e queremos ver se estamos aptos a competir com eles. Quem é para si a principal seleção favorita para esta competição? Penso que a Alemanha. Tem um grande histórico neste tipo de competições, e são atualmente os campeões mundiais. Independentemente dos jogadores que possam trazer, têm sempre um nível muito alto, sobretudo por serem muito experientes. Não acredito que venham para esta competição sem a intenção de tentarem ganhar e penso que vão fazer tudo para conquistar mais uma competição deste nível. O selecionador Joachim Löw optou por fazer as suas escolhas, mas terá certamente uma ideia clara daquilo que quer e quem menosprezar a Alemanha poderá sofrer. Chegou a elogiar recentemente, numa entrevista, a eficácia de Portugal, sobretudo no último Europeu. Em que patamar coloca a nossa seleção? Tal como disse, Portugal é, sem dúvida, uma equipa muito eficaz, como provou no último Campeonato da Europa. Muito se falou sobre a falta de brilhantismo nessa competição por parte de Portugal, mas não vi as coisas assim. Tiveram realmente bons momentos, ainda que a eficácia tenha sobressaído. Ganharam poucos jogos e foram campeões da Europa, isto diz tudo do perigo que podem ser nesta Taça das Confederações. As equipas têm de ser eficazes e Portugal é um exemplo extraordinário disso mesmo. O brilhantismo não dá pontos, a eficácia sim. O futebol não é patinagem artística, onde se atribui pontos após cada exibição. Um jogo de futebol ganha-se com mais golos marcados e menos sofridos. Portugal empatou muitos jogos, mas soube ser eficaz quando tinha de o ser. É também uma das fortes equipas que podem ser favoritas. Na eleição para melhor jogador do Mundo de 2016, votou em Cristiano Ronaldo. Teme-o? É um dos melhores jogadores do mundo e vai chegar a esta competição muito confiante, depois de tudo o que ganhou neste ano. É claro que é um jogador que qualquer treinador e equipa têm de temer. No entanto, temos de nos preparar para o defrontar. Mas Portugal não é só Cristiano Ronaldo. Será a grande figura desta competição, sem dúvida, mas não podemos ter medo, temos sim de respeitá-lo e sobretudo à seleção de Portugal.