Saúde mais calma, polícias na expectativa
Técnicos de Diagnóstico mais otimistas após ida do ministro ao Parlamento. Polícias admitem contestação de rua
NEGOCIAÇÕES A visita ao Parlamento do ministro da Saúde desanuviou o ambiente no setor, depois de Adalberto Campos Fernandes ter indicado que parte das reivindicações poderão ser atendidas. Os técnicos de diagnóstico e terapêutica, que iniciaram no dia 2 uma greve que já terá afetado cem mil utentes, admitem mesmo terminar o protesto.
“A greve até pode terminar dentro de pouco tempo porque o senhor ministro anunciou no Parlamento que iria receber amanhã [hoje] o nosso sindicato”, disse ao DN Almerindo Rego, do Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das áreas de Diagnóstico e Terapêutica. “Estou a aguardar a confirmação dessa mesma reunião.”
Estes técnicos reclamam serem “o único grupo profissional” que há 18 anos aguarda uma revisão da carreira – algo que poderá mudar em breve. “Daquilo que entendemos da discussão no Parlamento, a capacidade financeira de que o Ministério da Saúde necessitaria para responder às nossa reivindicações estará minimamente assegurada. É um sinal de esperança”, admitiu Almerindo Rego.
Na semana passada, o ministro tinha acusado os profissionais de saúde em greve de estarem a prejudicar os cidadãos mais frágeis e mais pobres. Polícias em compasso de espera Nas polícias ainda não estão marcadas greves ou manifestações, mas nem todos as descartam. No Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), os inspetores “esperam medidas concretas” em relação à admissão dos cem novos inspetores, previstos no Orçamento para 2018, mas cujo concurso externo ainda não tem data definida. O presidente do Sindicato da Carreira da Inspeção e Fiscalização, Acácio Pereira, sublinha que “voltarão à luta” caso “estas medidas e seus calendários não sejam conhecidos a breve prazo”. A outra polícia que tem direito à greve é a Polícia Judiciária, mas daqui não estão previstos protestos. Ricardo Valadas, presidente do Associação dos Funcionários de Investigação Criminal, ficou “tranquilo” com as palavras da ministra da Justiça durante a audição parlamentar relativa ao Orçamento, segundo as quais haverá verbas para o descongelamento das progressões na carreira.
Na PSP, força de segurança que sofre uma redução das verbas para o investimento, o tempo é ainda de análise do Orçamento, mas o sindicato mais representativo, a Associação Sindical de Profissionais de Polícia, não exclui ações de rua, remetendo uma decisão para a reunião da direção da estrutura agendada para o próximo dia 22. “Em princípio não deverá haver nenhuma manifestação até ao final do ano, mas é possível que sejam ainda organizadas algumas ações com impacto de rua, como vigílias ou concentrações em locais estratégicos.”
Em fase de avaliação está também César Nogueira, que lidera a associação de profissionais da GNR. Na quinta-feira, afirma, “haverá uma reunião em que serão decididas ações de protesto”. César Nogueira preside também à comissão coordenadora que integra os principais sindicatos da PSP, GNR, Polícia Marítima, SEF e Guarda Prisional, que também deverão reunir-se nos próximos dias para acertar o calendário de protestos. “Sem dúvida que até ao final do ano alguma ação de grande impacto haverá”, assegura. V.M. e P.S.T.