“Houve donativos superiores a 500 euros”
Duarte Gomes, de 44 anos, antigo árbitro internacional, foi uma das figuras públicas convidadas pela Federação Portuguesa de Futebol para participar na campanha solidária Tudo por Portugal. Uma ação que visou agariar fundos através de donativos antes e durante os jogos da seleção nacional com a Arábia Saudita e os Estados Unidos. Como foi a sua experiência na ação solidária de ajuda às vítimas dos incêndios? Foi muito gratificante verificar a enorme adesão das pessoas e a cadência inacreditável das chamadas, o que prova que os portugueses quando se trata de ajudar são os primeiros. Saímos de lá de coração cheio porque no dia-a-dia não temos muitas possibilidades de marcar a diferença. Houve algum telefonema que o tenha marcado? Sim, uma senhora, que pela voz já devia ter alguma idade, que chorou ao telefone porque estava perto da zona dos incêndios. Estivemos dez minutos ao telefone, disse-me que não podia ajudar muito e aproveitou para desabafar. Pareceu-me uma pessoa que se sentia muito sozinha, um problema que afeta muitos dos nossos idosos. Qual a chamada de mais longe que recebeu? Durante a hora que ali estive a atender telefonemas, ligaram vários emigrantes portugueses do Canadá, dos Estados Unidos, de França... com doações significativas, o que prova que apesar de estarem longe não perderam a ligação ao país onde nasceram Qual foi o maior donativo que recebeu? O maior que recebi durante o tempo que lá estive foi de cem euros, mas uma pessoa que estava ao meu lado recebeu um de 500 euros, e sei que houve outros ainda maiores. Esta ação demonstra a importância do futebol? Sim, sem dúvida. Ao contrário do que pode fazer-se crer pelo que todos os dias se ouve, o futebol é um importante veículo para transmitir uma mensagem positiva, e cabe-nos a todos nós transmitir esses bons valores. Temos de tirar o chapéu à Federação Portuguesa de Futebol, que conseguiu juntar três canais de televisão concorrentes e muitas figuras da sociedade portuguesa para angariar milhares de euros que podem fazer toda a diferença para quem sofreu este drama dos incêndios em Portugal. CARLOS NOGUEIRA