A história aparece-nos nas esquinas
Os protagonistas desta história são Julian Assange e a sua WikiLeaks, ex-campeões da transparência, mas meros chantagistas. Esta semana, a revista The Atlantic revelou as conversas entre Trump Jr. e a WikiLeaks, nas vésperas da eleição de Donald Trump. A WikiLeaks oferecia material para derrotar Hillary e, em troca, pedia o apoio de Trump para Assange ser embaixador nos EUA. O costume: para os outros, transparência; para nós, negócios escuros... Em 14/12/2010, há sete anos, aqui, no auge da beata admiração pelo cavaleiro da verdade, escrevi a seguinte crónica (desbasto para caber): “Nixon deve dar voltas ao túmulo pelo tolo que foi. Ele ficou como o único presidente americano expulso do cargo por mau comportamento, mas o que o incriminou faria dele, hoje, o campeão da transparência... Lembremos, 1972, e o prédio Watergate, a sede do Partido Democrata. Nixon mandou cinco capangas pôr escutas nos adversários. Estava, no fundo, só a vazar o sigilo, os segredinhos de uns celerados... O errado em Nixon, sabemos agora pelo que vai por aí de elogios ao tal Assange, não foi ter espiado um partido legítimo – foi não ter partilhado connosco o que diziam os escutados à sorrelfa. Tivesse sido Nixon o Garganta Funda que falou com os jornalistas do – não para denunciar os microfones postos, mas para contar o que os micros escutaram – e hoje ele seria um herói romântico, um defensor da liberdade de imprensa.” Fim de citação e de ilusão (espero).