“Vítimas já estavam fragilizadas”
Estes atos sobre pessoas que já estão internadas por estarem a passar por depressões assumem um carácter particularmente grave? Sim, porque configuram dois tipos de crime, os abusos sexuais em si e o facto de serem, alegadamente perpetrados contra pessoas indefesas e incapazes, que estão muito medicadas e não se conseguem defender. Este tipo de casos vão aqui e ali acontecendo e acabam por ter o mesmo enquadramento do abuso sexual de menores. Isto porque as vítimas são mulheres incapazes de resistir por estarem debilitadas física e mentalmente. E, para mais, são utentes confiadas aos cuidados de uma unidade de saúde... O efeito destes atos, a provarem- se verdadeiros, é muito grave nestas pacientes. Já estão fragilizadas pela doença e pensam que estão entregues a um sítio de confiança e nada lhes pode acontecer. Deve haver agora um especial cuidado com estas pacientes, sobretudo com a que tentou o suicídio? Uma utente que se tenta suicidar mostra ser uma pessoa com menos condições de resiliência. Logo, é preciso especial atenção ao seu estado. Mas as outras utentes que terão sido vítimas também precisam de ser muito bem avaliadas em relação ao impacto dos abusos. É provável que nenhuma queira continuar internada naquele serviço por que poderão achar que não foram protegidas. Estamos perante um alegado abusador que tem uma ficha limpa, casado, com uma vida banal. Corresponde ao perfil habitual? Corresponde. Estes indivíduos não l evantam suspeitas, na maior parte dos casos. Têm um aspeto desviante que é mais oculto e cuidam muito bem de o disfarçar. Como terá acontecido neste caso, em que o funcionário escolheria bem os momentos para fazer os atos, em alturas em que não seria descoberto. Mas não se pode lançar um anátema sobre os auxiliares de saúde por causa disto.