Perito pede para “sermos mais responsáveis na poupança da água”
Filipe Duarte Santos critica a ideia defendida pelo ministro de que o racionamento da água seria uma medida a tomar só no “fim da linha”
AMBIENTE “O discurso político ganharia se admitisse que esta seca pode ser muito prejudicial para o país. Precisamos de ter todos os dados para podermos responder melhor, sendo mais responsáveis na poupança de água.” Foi desta forma que o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e especialista em alterações climáticas, Filipe Duarte Santos, reagiu às declarações do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que admitiu em Évora não existir necessidade de racionamento de água, considerando a medida só uma “hipótese teórica” e a tomar “no fim da linha”.
Mas Filipe Duarte Santos fala de “dias difíceis”, avisando que se o inverno não for “bastante chuvoso”, entre a segunda quinzena de dezembro e janeiro, o país poderá viver “uma situação muito complicada” de falta de água.
Daí que o especialista defenda que o governo deva dar prioridade à informação aos consumidores, alegando que “nem todos os dados estão disponibilizados e deverão estar”.
Já o presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, aceita os argumentos do ministro, alegando que “primeiro é preciso garantir que as pessoas estão conscientes do que se está a passar nas zonas onde há maior escassez”, defendendo a redução do consumo de água, mas sublinha que se estas medidas se mostrarem insuficientes nos próximos tempos não haverá alternativa. “Precisaremos de medidas mais dramáticas que, no limite, poderá ser o racionamento”, avisa o dirigente. “Se todos fizermos um esforço nos locais mais ameaçados, talvez consigamos escapar ao racionamento, mas as pessoas terão de perceber bem esta mensagem”, insiste , ressalvando que o país está em alerta máximo. ROBERTO DORES