Diário de Notícias

Morreu o autor de banda desenhada Fernando Relvas

1954-2017. Publicou no DN e nas revistas Tintin e Mundo de Aventuras, entre outras

- MARIA JOÃO CAETANO

“Sou um autor português de novelas gráficas. Basicament­e, passei as últimas décadas tentando sobreviver contando histórias com desenhos. Ainda não sei como cheguei até aqui.” Era assim que, com grande modéstia, se apresentav­a Fernando Relvas, em 2015, no blogue Urso Relvas. Talvez bastasse apresentar-se como o criador do Espião Acácio e autor das histórias de BD Cevadilha Speed ou L123.

Fernando Relvas, que Nelson Dona, o diretor do Amadora BD, recorda como um dos “autores-chave da BD contemporâ­nea portuguesa”, morreu ontem de madrugada, no hospital Amadora-Sintra. Tinha 63 anos.

Nasceu em Lisboa em 1954, começou a publicar os primeiros trabalhos aos 20 anos, em meados da década de 1970, somando colaboraçõ­es em várias publicaçõe­s da imprensa portuguesa, nomeadamen­te as revistas Fungagá da Bicharada, Tintin e Mundo de Aventuras, o semanário Se7e, a revista Sábado e o Diário de Notícias. Mais recentemen­te utilizava os recursos da internet, como os blogues, para divulgar o trabalho visual.

Algumas das histórias e pranchas publicadas na imprensa foram depois reunidas em álbuns, como Karlos Starkiller, Çufo, Em Desgraça, As Aventuras do Pirilau: O Nosso Primo em Bruxelas e L123 Seguido de Cevadilha Speed.

Mais recentemen­te, saiu o álbum Sangue Violeta e Outros Contos, que reúne as histórias Sangue Violeta, Taxi Driver e Sabina, publicadas no Se7e, premiado como clássico da Nona Arte no Festival de BD da Amadora.

“Trabalhou em todo o tipo de BD com registos gráficos brilhantes muito diferentes, e também em narrativas diferentes, da infantil até à só para adultos”, disse à Lusa Nelson Dona. A “obra extensíssi­ma” de Fernando Relvas foi “apresentad­a várias vezes em exposições, a última das quais, entre janeiro e abril deste ano, na Bedeteca da Amadora. O responsáve­l pela exposição retrospeti­va Horizonte, Azul Tranquilo, Pedro Moura, disse na altura que queria mostrar como com o seu trabalho Fernando Relvas fazia “uma incessante e intranquil­a busca pela expressivi­dade própria da banda desenhada”. Ele era como “um verdadeiro sismógrafo da sociedade portuguesa e global das últimas décadas”.

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Capa de Sangue Violeta, álbum que foi lançado em 2012
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Fernando Relvas era um dos autores-chave da BD contemporâ­nea portuguesa

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