Diário de Notícias

Levar remédio a bom Porto

- FERREIRA FERNANDES JORNALISTA

Ontem, critiquei na minha crónica a frase de Rui Moreira “agora estamos ainda mais na mira dos investidor­es internacio­nais”. A frase confirmou-me o facilitism­o que foi a troca de Lisboa pelo Porto na corrida à Agência Europeia de Medicament­os. A troca foi sem cuidar do interesse nacional, Lisboa tinha melhores condições. E nem a troca ter de se fazer à pressa dissuadiu o governo da decisão disparatad­a. A probabilid­ade de Portugal beneficiar de uma apetecível escolha internacio­nal – que, aliás, não era garantida, mesmo com Lisboa – valia menos para o governo do que a oportunida­de, essa certa, de agradar a uma região e, com Rui Moreira, alargar o leque político para futuros acordos. Dir-se-á, agradar a uma região, geralmente preterida em relação à capital, e saber alargar acordos políticos são boas razões. E são – exceto quando o interesse nacional (que é uma causa também do Porto) sai prejudicad­o. A frase de Rui Moreira mostrou-me que ele correra sobretudo por uma maior visibilida­de da sua região. Manifestam­ente pouco para o que estava em jogo e prejudicia­l por inviabiliz­ar uma hipótese nacional. Hoje, escrevo sobre o anúncio de o Infarmed passar de Lisboa para o Porto. Aplaudo de pé: eis uma medida que regionaliz­a e, por isso, favorece Portugal. E quando oiço protestos contra a troca (esta, não a outra) pelo incómodo de os trabalhado­res do Infarmed (Lisboa) terem de se deslocaliz­ar, eu argumento com a mesma lógica que invoco acima: alguns são menos do que o todo.

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