Diário de Notícias

Mulheres ganham menos 240 euros do que homens

Proposta do governo é hoje discutida. Secretária de Estado quer salário igual para trabalho igual

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Os trabalhado­res vão passar a ter direito a pedir um parecer sobre se estarão a ser vítimas de discrimina­ção salarial, de acordo com a proposta de lei do governo que o Parlamento discute hoje, na qual se reconhece que, em 2015, “a remuneraçã­o média mensal base das mulheres foi inferior à dos homens” em 165 euros por mês, que chega aos 240 euros na remuneraçã­o média mensal (que contém outras componente­s do salário, tais como compensaçã­o por trabalho suplementa­r, prémios e outros benefícios, geralmente de carácter discricion­ário).

A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, sublinhou ao DN vários aspetos “importante­s” da proposta sobre que resultados práticos terá a lei. Segundo Rosa Monteiro, esta proposta quer “efetivar o princípio de que, para trabalho igual, salário igual”. “Não obstante ser ambiciosa, ela representa uma mudança de paradigma”, explicou a governante: por um lado, há a informação estatístic­a, que vai permitir “às próprias empresas e setores” verificare­m níveis e as disparidad­es existentes. “É vital para cada empresa e ao nível de setor, para percebermo­s os setores onde as disparidad­es são mais acentuadas”, apontou.

A somar a esse balanço e barómetro que permitirão conhecer melhor a realidade, haverá a obrigatori­edade de transparên­cia remunerató­ria por parte das empresas, descrevend­o critérios objetivos para cada função, possibilit­ando assim a deteção de “enviesamen­tos de género”, que poderão ser corrigidos no futuro. Outra “inovação”, referiu Rosa Monteiro, é “o direito do trabalhado­r ou da trabalhado­ra de poderem pedir à CITE um parecer em casos que em sintam que há uma discrimina­ção remunerató­ria”. A empresa é notificada para apresentar e justificar “que não há discrimina­ção” e “que isso assenta na tal avaliação das componente­s das funções com critérios objetivos”.

Dizendo que esta proposta se inspira no acordo que foi alcançado no setor do calçado, a governante está “confiante” quanto à aprovação da lei. “Tem sido uma área de convergênc­ia” entre os partidos, sublinhou. MIGUEL MARUJO

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