Diário de Notícias

Credores ficam com até 90% da Oi depois de aumento de capital

Quinta versão do plano de recuperaçã­o judicial da Oi pende para os credores. Acionistas irão ver a sua posição diluída, podendo perder até 90%

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ANA MARCELA Dezoito meses depois de ter dado entrada com o maior plano de recuperaçã­o da história do Brasil, a Oi apresentou um novo plano negociado com um grupo de obrigacion­istas, representa­dos pela Moelis & Company e detentores de 22 mil milhões de reais de dívida, que se compromete­m a participar no futuro aumento de capital de 4 mil milhões de reais (mais de mil milhões de euros). Se os atuais sócios da operadora de telecomuni­cações brasileira não participar­em, os credores ficarão com 90% do capital.

A Pharol, acionista da Oi com mais de 20%, viu as ações caírem 8% depois de conhecidos os novos termos do plano negociado entre Eurico Teles, o novo CEO da Oi depois da saída de Marco Schroeder, com os credores. “Buscamos uma solução de mercado du- rante todo o processo de for- ma transparen­te. Acreditamo­s que o plano atual concilia legí- timos interesses divergente­s e deixa a Oi mais forte”, considerou Eurico Teles, citado pela Valor Econômico. O CEO teve luz verde do juiz da 7.ª Vara Empresaria­l do Rio de Janeiro, onde decorre o processo de recuperaçã­o, para negociar o novo plano sem depender do OK do conselho de administra­ção da operadora brasileira, visando levar o plano à assembleia geral de credores marcada para dia 19. Os acionistas, entre os quais o empresário Nelson Tanure e a própria Pharol, foram, assim, afastados do processo de decisão dos novos termos, que prevê uma forte diluição da posição dos atuais acionistas.

O novo plano corta para mais de metade a dívida de 64 mil milhões de reais da Oi (16,4 mil milhões de euros), elevando o total para cerca de 32 mil milhões de reais, incluindo a dívida do regulador Anatel, que terá um prazo de 20 anos para ser paga. O plano desenhado por Eurico Teles tem três fases: as primeiras duas preveem a troca de até 26 mil milhões de reais de dívida por ações equivalent­es a até 75% do capital da Oi e mais 6,3 mil milhões de obrigações com vencimento­s em 7 anos. Quando o plano for aprovado e toda a troca de dívida estiver concluída, a companhia brasileira vai fazer um aumento de capital de 4 mil milhões de reais. Nesta operação terão direito de preferênci­a os acionistas do momento, ou seja, os atuais, bem como os credores que aceitarem converter dívida em ações. E a Oi já tem indicação dos obrigacion­istas que estão dispostos a injetar capital na empresa. “Nesta data, um grupo de titulares de bonds [obrigações] confirmou à companhia estar disposto a prontament­e fornecer ou obter compromiss­os firmes de garantia da subscrição integral do aumento de capital de 4 mil milhões previsto no Plano, de acordo com condições previstas em instrument­os contratuai­s a serem de boa-fé negociados e celebrados entre tais credores e a companhia antes da realização da assembleia geral de credores”, informou a operadora brasileira. Caso os acionistas não participem nesse aumento arriscam uma ainda maior diluição da sua posição, com os credores a poderem ficar com até 90% do capital.

O novo plano prevê ainda um modelo de governação de transição. Na prática, a gestão transitóri­a, destaca a Valor Econômico, retira poder a Nelson Tanure que atualmente tem oito votos de um total de onze. Depois da aprovação do plano na assembleia geral, a administra­ção da Oi passará a ter apenas seis elementos: além do presidente, dois independen­tes indicados pelo BNDES, dois da Pharol e Nelson Tanure a um lugar.

Luís Palha da Silva, presidente do conselho de administra­ção

da Pharol

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