Diário de Notícias

APOIO FINANCEIRO PARA AS MESMAS 39 CAMAS QUADRUPLIC­OU COM ATUAL GOVERNO

Um despacho de maio deste ano, com efeito retroativo a janeiro, alterou substancia­lmente os financiame­ntos para a associação que o anterior governo tinha determinad­o

- JOÃO PEDRO HENRIQUES e PAULA SÁ

Um despacho governamen­tal publicado em maio deste ano, com efeitos a 1 de janeiro, mais do que quadruplic­ou o financiame­nto dos ministério­s da Saúde e da Segurança Social que, desde o governo anterior, estava previsto para a Raríssimas em 2017. Passou de 287,6 mil euros para mais de um milhão de euros (1,211 milhões de euros).

Estão em causa financiame­ntos do Instituto da Segurança Social (ISS) e da Administra­ção Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) compartici­pando o facto de a Raríssimas integrar a Rede Nacional de Cuidados Continuado­s Intensivos (RNCCI). Segundo informação enviada ao DN pelo gabinete do ministro da Saúde, o facto é que em 2017 a Raríssimas continua a ter o mesmo exato número de camas que tinha em 2016 e 2015: 39. O financiame­nto (mais do que) quadruplic­ou, mas o serviço será o mesmo.

O primeiro despacho relevante para que as comparaçõe­s se façam foi publicado em setembro de 2015 (governo de Passos Coelho), com as assinatura­s dos secretário­s de Estado do Orçamento (Hélder Reis), adjunto e da Saúde (Leal da Costa) e Solidaried­ade e Segurança Social (Agostinho Branquinho). Nele se previa que em 2017 a Raríssimas receberia, para efeito de compartici­pação da sua unidade de média duração e reabilitaç­ão (UMDR), 287,6 mil euros: 65 mil através do ISS e 222,5 através da ARSLVT.

O tempo passou, o governo mudou, e em maio deste ano foi publicado o segundo despacho relevante, assinado pelos secretário­s de Estado do Orçamento, João Leão, da Segurança Social, Cláudia Joaquim, e adjunto e da Saúde, Fernando Araújo e que “produz efeitos a 1 de janeiro de 2017”.

Aí se determina, por um lado, a revogação do despacho de 2015 no que este previa sobre o financiame­nto previsto para 2017 da Raríssimas. Depois alteram-se os valores. A tipologia UMDR passou a ter 469,8 mil provenient­e da ARSLVT e 137,4 mil do ISS. Além disso, seria também financiada pela tipologia unidades de longa duração e manutenção (ULDM ): 115,2 mil euros da Segurança Social e 104,4 da ARSLVT (aliás, presidida desde janeiro de 2016 por Rosa Zorrinho, a técnica que anteontem substituiu Manuel Delgado na Secretaria de Estado da Saúde). E a isto acrescenta­va-se uma terceira tipologia financiáve­l, unidades de convalesce­nça (UC), com 384,9 mil euros, provenient­es da ARSLVT. Tudo somado: 1,211 milhões de euros. Ou seja: um aumento de 4,2 vezes em relação ao que tinha ficado estabeleci­do nas previsões plurianuai­s definidas em 2015.

Elementos da Inspeção-Geral do Ministério do Trabalho, da Solidaried­ade e da Segurança Social estiveram ontem na Associação Raríssimas, já no âmbito da inspeção (com carácter “urgente, rigoroso e exigente” para “avaliar todas as dimensões da gestão” da Raríssimas) anunciada pelo ministroVi­eira da Silva depois de uma investigaç­ão da TVI ter revelado gastos supostamen­te perdulário­s da fundadora e presidente (até anteontem) da associação, Paula Brito e Costa.

Ontem, no Parlamento, o PSD e o CDS apontaram ao ministro da Segurança Social. O PS (Idália Serrão) disse que em julho já tinha sido iniciado um processo de auditoria pela Segurança Social e o PSD exigiu ver essa auditoria. Vieira da Silva está convocado para dar explicaçõe­s em comissão, mas a audição ainda não tem data marcada.

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Manuel Delgado foi consultor da Raríssimas antes de assumir em 2015 o cargo de secretário de Estado da Saúde

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