Diário de Notícias

Portugal como melhor destino turístico do mundo já não é só para inglês ver. A economia do país agradece.

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Ocrescimen­to é ímpar e tem arrastado consigo toda a economia. No ano passado, o turismo valeu 7% do PIB; no último ano e meio já criou 60 mil empregos. É uma verdadeira revolução de pessoas que falam cada vez em mais línguas – e, afinal, já procuram bem mais do que as águas temperadas e o sol nas areias do Algarve.

“A nossa expectativ­a é alcançar os 22 milhões de turistas em Portugal, até ao final do ano. O desempenho do setor tem sido muito positivo em 2017, com um aumento de 8,6% relativame­nte ao período homólogo de 2016”, adiantou ao DN/Dinheiro Vivo, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal.

Será mais um ano de recordes. E está longe de se contar apenas em pessoas: além de mais turistas, as visitas estão mais prolongada­s e quem vem, não só paga mais pelas noites dormidas, como está a deixar mais dinheiro na economia. As receitas do setor, que se medem pelos gastos que os turistas fazem quando estão em Portugal, estão a crescer a um ritmo de 19,4% para um total, até outubro, de 13 127 milhões de euros. “É o cresciment­o mais alto desde 1998”, destaca Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo.

“São só boas notícias”, evidencia, por sua vez, Vítor Costa, diretor-geral da Associação de Turismo de Lisboa, para quem os prémios internacio­nais que têm colocado Portugal na boca do mundo – ainda este mês, o país foi considerad­o o “Melhor destino do Mundo” nos óscares do turismo – fazem toda a diferença. Na capital, que ganhou o galardão de “Melhor destino do mundo para City Break” – temse “registado um cresciment­o sustentado ao longo dos anos”. Os hotéis cresceram 10% em número de hóspedes e a receita por quarto subiu 20%. “As previsões para 2017 foram, até, revistas em alta, tendo em conta que os objetivos fixados no Plano Estratégic­o para o Turismo de Lisboa para 2019 foram atingidos com três anos de antecipaçã­o”, destacaVít­or Costa.

Fora das grandes cidades também há um cresciment­o importante. O setor tem-se esforçado por espalhar a procura a todas as regiões do país e, ao longo dos últimos meses, tem visto mais pessoas chegarem a áreas até aqui pouco conhecidas – o cresciment­o líder das zonas Centro ou dos Açores são bons exemplos.

É uma estratégia para continuar, acentua Ana Mendes Godinho, que ao longo do ano levou para o terreno programas como o Revive, que já está a passar património histórico em ruínas para parceiros privados que requalifiq­uem e criem novas instalaçõe­s ligadas ao turismo; o programa Valorizar que apoia a valorizaçã­o e qualificaç­ão dos destinos; os Portuguese Trails, que querem colocar Portugal na rota do Cycling eWalking ; ou a dinamizaçã­o das termas. “A atividade turística tem de continuar a estender-se a todo o território, contribuin­do para a coesão territoria­l e para o desenvolvi­mento económico do interior”, realça a governante.

Os números de 2017 estão longe de estar fechados, mas uma coisa é certa: Portugal é cada vez menos para inglês ver. Até outubro, recebeu hóspedes das mais variadas nacionalid­ades, com Reino Unido (1792,6), Espanha (1506,0), França (1226,7), Alemanha (1174,6) e Brasil (751,1) a ganharem destaque. As apostas estão agora voltadas para mercados mais longínquos, onde o poder de compra e o potencial de cresciment­o são maiores. “Os mercados de aposta são os EUA, Canadá, China e Coreia do Sul, por constituír­em mercados de grande dimensão enquanto emissores de turistas, adianta Luís Araújo.

São praticamen­te as mesmas áreas de aposta da TAP, que nos últimos anos, enquanto a Europa marcava passo, apostou na América do Norte e do Sul. Atualmente, os Estados Unidos já valem 12% da operação; o Brasil um pouco mais de 20%, conta Fernando Pinto, CEO da companhia (ver entrevista ).

Diário de Notícias Movimento de passageiro­s nos aeroportos nacionais aumentou 17,5% de janeiro a outubro.

Há que inovar, destaca Raul Martins. Com constrangi­mentos grandes no aeroporto de Lisboa, o maior ponto de chegada e saída de Portugal, o presente da Associação da Hotelaria (AHP) pede para se afinarem os ímanes que atraem os visitantes. “A Associação de Turismo de Lisboa devia pôr os olhos no programa de stopover da TAP e criar um mecanismo que fixe os turistas por mais tempo em Portugal”, diz o também administra­dor do grupo Altis. “É muito importante que a estada média aumente porque atualmente não chega a três dias.”

Não é só. Com a principal porta de entrada no país meio fechada, pede-se foco. Até porque os hoteleiros estão a investir e, só no ano que vem, devem abrir 66 novos hotéis no país; um terço será em Lisboa. “Se não aumentarmo­s o número de passageiro­s de Lisboa, com um aumento da oferta corremos o risco de ver as taxas de ocupação atuais de 75% passarem para 60%”, destaca, admitindo que “há investimen­tos de 20 mil milhões de euros” em jogo.

Do lado do governo, a aposta está traçada na Estratégia de Turismo 2027, que aponta para um cresciment­o ao ritmo de 4% ao ano. Mas com maior procura, a qualificaç­ão é a nova prioridade. “Quanto mais as pessoas forem qualificad­as e especializ­adas no turismo mais se tornam indispensá­veis para as empresas”, diz Ana Mendes Godinho, que defende uma formação on the job “como caminho para conseguir chegar a mais pessoas, nomeadamen­te as que já estão no mercado de trabalho”. No terceiro trimestre, a restauraçã­o e o alojamento davam emprego a 346 mil pessoas.

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