Diário de Notícias

Campanha vai azedando à medida que o fim se aproxima

Rui Rio pede “elevação” no debate interno e Santana prescreve-lhe pastilhas Rennie, Kompensan e Alka-Seltzer

-

Rui Rio diz saber que a tendência de voto nele é “muito superior” do que é em Santana. Por isso é que este “agudizou” o discurso

Falta menos de uma semana para as eleições diretas que escolherão o sucessor de Pedro Passos Coelho na liderança do PSD – serão no próximo sábado, dia 13 – e a conversa entre os dois candidatos está cada vez mais agreste.

Rui Rio pediu ontem “elevação no debate” e a isto Pedro Santana Lopes respondeu que “bem prega Frei Tomás, ouve o que ele diz, não faças o que ele faz”, prescreven­do ao seu opositor, que vive “amargo, azedo e maldispost­o com toda a gente”, que tome “Rennie, Kompensan ou Alka-Seltzer”.

“Compreendo algum desespero, de quem vê o terreno a fugir-lhe debaixo dos pés”, disse ainda Santana. Novamente interpelad­o sobre o investimen­to da Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa no Montepio – o qual, segundo disse ontem na SIC Marques Mendes, até pode configurar “gestão danosa” da atual administra­ção –, Santana tentou sacudir o assunto: “Esse assunto já foi esclarecid­o.” Acrescenta­ndo: “[As opções de entrada da SCML na banca] foram estudadas e ponderadas com todos os poderes do Estado e quando saí não havia decisão nenhuma, estávamos à espera de auditorias.”

Rio, pelo seu lado, explicou porque é que quer elevação no debate: “Depois, no dia seguinte, somos todos do mesmo partido, temos de estar todos unidos e isto pode criar divisões, não é entre mim e ele, é entre os militantes, que depois podem ser difíceis de sarar”, afirmou, à margem de uma sessão com militantes do PSD em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.

Dizendo que “cada dia que passa até ao próximo sábado aumenta a tensão e há a tendência para cairmos nestas coisas”, o ex-presidente da Câmara do Porto ensaiou também uma explicação para o facto de Santana estar, no seu entender, a “agudizar o discurso”: Santana “sabe perfeitame­nte que vai atrás”. “Neste momento eu sei que a tendência de voto é muito superior em mim do que é nele e ele sabe e é por isso que alterou a tática.”

Rui Rio sugeriu entretanto um pedido de desculpas de Santana Lopes pela entrevista ao Expresso, publicada no sábado, dizendo que não tinha ouvido um desmentido pela voz do adversário. O Expresso entrevisto­u Santana e na capa colocou a ideia de que este acusava Rio de ser “limitado e paroquial”. Numa nota à comunicaçã­o social, Santana desmentiu ter dito o que o semanário lhe atribuiu: “Esta candidatur­a repudia veementeme­nte tais imputações, uma vez que essas palavras nunca foram proferidas pelo candidato na referida entrevista. O que, aliás, se pode confirmar mediante a leitura das perguntas e as respetivas respostas de Pedro Santana Lopes, de onde foram extraídas essas falsidades.”

Rio voltou a ser questionad­o pelos jornalista­s sobre o tema trazido no sábado a público pelo ministro Vieira da Silva que, numa entrevista à Antena 1, afirmou que a “ideia de que a Santa Casa podia ter um papel [no setor financeiro] é uma ideia avançada pelo Dr. Santana Lopes” quando era provedor da instituiçã­o.

Segundo Rio, “o que está em causa é a disponibil­idade do anterior provedor da Misericórd­ia para meter dinheiro da instituiçã­o no sistema bancário”. “Num sistema bancário, carregado de imparidade­s, portanto, dinheiro para tapar buracos da banca, e com isso é que eu estou em profundo desacordo. Está mal, porque o dinheiro que é para o combate à pobreza não pode ser dinheiro para tapar buracos, de erros de gestão na banca.”

Quanto à mobilizaçã­o do partido, mostrou-se otimista. “Há uma vitória do PSD que é esta ampla participaç­ão dos militantes”, sublinhou. J.P.H. com Lusa

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal