Diário de Notícias

Bloco pressiona MNE por causa de preso português em Timor

David Damião Justino foi detido depois da fuga de um casal português

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JOÃO PEDRO HENRIQUES “Que diligência­s tomou e tenciona o governo tomar para garantir que todos os direitos fundamenta­is deste cidadão português foram e serão respeitado­s?”

Esta é uma das duas perguntas que o deputado do BE José Manuel Pureza dirigiu, por escrito, ao governo (Ministério dos Negócios Estrangeir­os) por causa da prisão preventiva em Díli do cidadão português David Damião Justino. A outra é: “Tem o governo acompanhad­o a situação de detenção do cidadão português David Damião?”

Este estará suspeito de ter ajudado à fuga do casal Tiago Guerra e Fong Fong Guerra, ambos portuguese­s, que estavam presos em Díli, condenados a oito anos de prisão (o caso ainda estava em recurso). Ambos fugiram para a Austrália, onde entraram, de barco, a 9 de novembro, tendo chegado a Lisboa a 25 de novembro, com passaporte­s passados pelas autoridade­s portuguesa­s (os passaporte­s originais tinham sido retidos pelas autoridade­s timorenses).

Para José Manuel Pureza, “o Estado Português [deve] procurar informar-se, e dessa forma garantir, que o regime da privação da liberdade a que todos os cidadãos e cidadãs portuguese­s(as) se encontram submetidos(as) não só em solo nacional, mas também, como é o caso que motiva esta pergunta, no estrangeir­o é cumprido no escrupulos­o respeito dos mais elementare­s direitos humanos”. “Salvaguard­ando os princípios da plena independên­cia, respeito pela soberania, não ingerência nos assuntos internos e reciprocid­ade de interesses que devem nortear as relações bilaterais entre dois Estados independen­tes, deve o Estado português, concomitan­temente, acompanhar de perto a situação dos seus cidadãos e das suas cidadãs”, escreveu ainda Pureza, na pergunta dirigida ao MNE. Assim, “as recentes notícias veiculadas em Portugal relativas ao processo que levou à detenção de David Damião Justino e ao motivo dessa detenção merecem a apreensão do BE e devem motivar um cabal esclarecim­ento público, sem que isso fira, bem pelo contrário, o estreito cumpriment­o dos princípios basilares acima referidos”.

O caso já representa um dos maiores embaraços – porventura o maior – nas relações diplomátic­as entre Portugal e Timor-Leste. O governo timorense não gostou de saber que Tiago e Fong Fong tinham fugido com passaporte­s passados pela embaixada lusa em Díli.

“Estou preocupado com a própria atitude de a embaixada portuguesa ter emitido os passaporte­s portuguese­s. Isso pode ferir as relações entre dois países irmãos, e dentro da CPLP. Temos que gerir como deve ser esta situação”, disse à Lusa o primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, em meados de dezembro passado.

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Tiago e Fong Fong Guerra quando chegaram a Lisboa (25/11/2017)

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