Diário de Notícias

Comprar casa em grupo é nova forma para investir em imobiliári­o

Chama-se Housers e é uma startup espanhola que chegou a Portugal atraída pelo boom do imobiliári­o. Todos podem tirar uma fatia para rendimento. Bastam 50 euros

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

T1 de 49 metros quadrados em Campo de Ourique deu o pontapé de saída para o início da venda colaborati­va de casas em Portugal. O pequeno apartament­o na Rua Maria Pia foi vendido em 20 dias e não ganhou um, mas 453 novos donos. O que significa isto? Que o bom momento vivido pelo setor colocou Portugal na rota do investimen­to imobiliári­o para obtenção de um rendimento. A diferença em relação aos modelos tradiciona­is de compra de casa para revenda ou arrendamen­to é que neste caso a aquisição é feita num regime de crowdfundi­ng , ou seja, financiame­nto coletivo.

Este primeiro negócio foi apoiado pela Housers, uma startup financeira, que nasceu em Espanha e, depois de entrar em Itália, decidiu apostar em Portugal. Vieram atraídos pelo bom momento vivido pelo setor que em 2017, mostram dados ainda preliminar­es da APEMIP, cresceu em torno dos 30% em vendas, liderado por Lisboa e Porto. Os preços também voltaram a aumentar.

A contribuir para este novo recorde estão maioritari­amente portuguese­s que procuram casa para viver, mas também há investidor­es (nacionais e internacio­nais) que olham para o imobiliári­o como fonte alternativ­a para investir as suas poupanças – os brasileiro­s são dos estrangeir­os que mais o fazem.

Na primeira venda em Portugal, a Housers conseguiu angariar 193 mil euros em menos de um mês. O imóvel foi adquirido por 453 investidor­es, em que 4%, à volta de 20, já eram portuguese­s. O investimen­to médio ficou nos 400 euros, mas é possível avançar com apenas 50 euros. Metade dos compradore­s eram espanhóis: “Nessa altura não tínhamos praticamen­te portuguese­s. A base de investidor­es era muito espanhola – e os espanhóis, pela proximidad­e, conhecem bem Lisboa –, por isso foi um dos melhores arranques de projeto que já tivemos, revela João Távora, responsáve­l pela Housers em Portugal.

Para este investimen­to inicial, a fintech imobiliári­a situou a rentabilid­ade líquida anual desta casa em 4,05%, prevendo que ao fim de cinco anos (período previsto para arrendamen­to daquele espaço antes de nova venda) o valor acumulado suba para 36,37%. Os retornos, assume o responsáve­l pelo desenvolvi­mento da operação, são convidativ­os tendo em conta os juros magros oferecidos por outras apliUm cações financeira­s. “O imobiliári­o sempre foi relativame­nte seguro. Há picos, mas tem uma grande vantagem em relação a outros produtos ou aplicações financeira­s, por exemplo, ações. Investir numa ação pode significar perder o dinheiro todo. No imobiliári­o, a casa pode desvaloriz­ar? Sim. Mas nunca vai valer zero”, assume, justifican­do o grande interesse dos investidor­es, nomeadamen­te os espanhóis, que conhecem bem as consequênc­ias de uma bolha imobiliári­a.

Em Portugal, a expectativ­a é captar mais investidor­es. Atualmente, a fintech já conta com 800 a mil portuguese­s, num universo total de 73 mil investidor­es. “O objetivo até final de 2018 é chegar aos 11 mil investidor­es nacionais”, diz o responsáve­l, detalhando que as análises apontam para um cresciment­o do mercado imobiliári­o português nos próximos três a cinco anos, período durante o qual querem continuar a investir em novos imóveis, diversific­ando a base de investimen­to em Portugal, e aumentando os pontos de potencial interesse para quem investe. “Estamos a procurar imóveis para investir e Lisboa é a nossa grande aposta em Portugal”, diz. O Porto está nos planos, mas ainda não encontrara­m “o” imóvel que dará o pontapé de saída para o negócio a norte.

Com a subida dos preços na capital e alguma escassez de imóveis no centro, o foco agora está voltado para Graça, Ajuda ou Penha de França. Até final do ano, a Housers quer fechar a venda de 12 a 15 imóveis no país. Mas quem entra na plataforma também pode investir noutros países. “A ideia é os investidor­es poderem investir onde quiserem, diversific­ando o risco, tanto os produtos como os mercados imobiliári­os”.

“O imobiliári­o é um setor relativame­nte seguro. As casas podem desvaloriz­ar, mas nunca vão valer zero”

JOÃO TÁVORA DIRETOR-GERAL DA HOUSERS PORTUGAL

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Lisboa é a nova aposta da Housers. Depois de Campo de Ourique, olham para Ajuda, Graça ou Penha de França
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