Diário de Notícias

Os dragões só se libertaram com a magia africana

O FC Porto foi para o intervalo a perder, mas acabou por vencer o V. Guimarães por 4-2, terminando assim a primeira volta sozinho na liderança, algo que não acontecia há sete épocas

- CARLOS NOGUEIRA

O FC Porto foi obrigado a sofrer para conseguir vencer o V. Guimarães, por 4-2, e assim garantir a liderança isolada no final da primeira volta da Liga, algo que não acontecia há sete temporadas (2010-11), altura em que André Villas-Boas conduziu os dragões ao título sem derrotas. Esta é uma meta que Sérgio Conceição mantém intacta, uma vez que ainda não perdeu e concedeu apenas três empates, mais um que VillasBoas que disputou um campeonato mais curtos (apenas 30 jornadas).

Só que ontem o FC Porto teve de ultrapassa­r uma espécie de barreira psicológic­a para ser o vencedor da primeira volta. Isto porque a equipa de Sérgio Conceição entrou apática, sem a velocidade, a determinaç­ão e a imaginação que a tem caracteriz­ado. Isto apesar de logo aos dois minutos Douglas ter negado o golo a Marega...

Os portistas pareciam nervosos e esse facto levava a que o seu jogo se tornasse bastante previsível, ainda para mais quando o V. Guimarães se mostrava bem organizado, com uma defesa subida no relvado, com os seus jogadores agressivos nas disputas da bola e à procura de lançar a velocidade dos alas Raphinha e Heldon.

O cenário ainda pior ficou para os dragões quando, na primeira oportunida­de, o Vitória abriu o marcador por Raphinha, que surgiu nas costas de Ricardo Pereira a desviar um cruzamento largo de Victor García. O FC Porto via-se pela primeira vez em desvantage­m num jogo do campeonato esta temporada e, como tal, tentou responder de imediato, embora nem sempre da melhor forma.

Só que no final da primeira parte surgiu um sinal de que as coisas poderiam ser diferentes após o intervalo, quando Brahimi ludibriou meia defesa vimaranens­e e cruzou rasteiro para a pequena área, onde não apareceu ninguém para desviar para a baliza. Era a primeira aparição da magia africana no relvado do Estádio do Dragão, que havia de ser a chave para a reviravolt­a no jogo. Quatro golos vindos de África No balneário, Sérgio Conceição deverá ter exigido aos seus jogadores que mostrassem a tal garra que os tem caracteriz­ado e também velocidade, pois sentia-se que só assim seria possível abrir brechas na defesa do V. Guimarães.

Douglas começou por voar para uma bola que levava selo de golo após cabeceamen­to de Aboubakar, um lance que terá sido uma espécie de sinal para o ataque final ao castelo de Guimarães. Aos 57 minutos lá apareceu o golo de Aboubakar, com um remate de primeira após cruzamento certeiro de Jesús Corona. Adivinhava-se que a reviravolt­a estava iminente e chegou apenas cinco minutos depois e através de um lance genial de Brahimi.

Os vimaranens­es estavam desorienta­dos com a velocidade portista, que tornava as marcações bem mais difíceis para os minhotos, que abriam agora grandes buracos na sua defesa. O facto de Rafael Miranda estar com um cartão amarelo terá também sido uma das causas da diminuição dos níveis de agressivid­ade na recuperaçã­o de bola por parte do meio-campo do V. Guimarães.

Por esta altura adivinhava-se até a goleada, mas com o passar do tempo o ritmo de jogo do FC Porto foi baixando, afinal na quinta-feira defronta o Moreirense para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Só que ainda faltava aparecer no jogo o outro africano do ataque azul e branco: Marega. O maliano fez dois golos de rajada, que só não consumaram a goleada porque perto do final Heldon voltou a marcar para o V. Guimarães, que ainda assim não evitou a terceira derrota consecutiv­a na Liga.

Quanto aos dragões, bem podem esfregar as mãos de contentes, pois nas últimas dez épocas só por duas vezes um líder no final da primeira volta não se sagrou campeão.

“Temos 45 pontos, mas temos consciênci­a de que podemos fazer segunda volta ainda melhor do que esta” “Há alguém que parece um boneco comandado para aparecer e falar de determinad­a forma à comunicaçã­o social. Quem? Rui Vitória”

SÉRGIO CONCEIÇÃO

TREINADOR DO FC PORTO

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O maliano Marega remata apesar da oposição de Francisco Ramos. O portista bisou e já leva 14 golos na Liga, marca igual à sua melhor de sempre

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