Diário de Notícias

INCÊNDIOS 13 MIL AGRICULTOR­ES COMEÇAM HOJE A RECEBER AS INDEMNIZAÇ­ÕES

O governo prometera pagar a 29 de dezembro mas só a partir desta segunda-feira é que quem apresentou pedido e não tem conta bancária começa a receber verbas por vale postal

- RUTE COELHO

Mais de 13 mil agricultor­es sem conta bancária, que representa­m mais de 65% do total de candidatur­as – 20 629 – dos concelhos afetados pelos incêndios de 15 de outubro começam nesta segunda-feira a receber os vales postais com a verba que os compensa pelos prejuízos sofridos. Os valores oscilam entre os 1054 e os 5000 euros, esclareceu ao DN o Ministério da Agricultur­a. O governo responsabi­liza-se por pagar 41,1 milhões de euros de um bolo de prejuízos estimados em 53,5 milhões.

Por causa dos escalões definidos pela tutela “cortaram 12 milhões de euros em apoios nos pedidos submetidos pelos agricultor­es”, critica Nuno Pereira, dirigente do MAAVIM (Movimento Associativ­o de Apoio a Vítimas do Incêndio de Midões – Tábua). Sobre esses alegados cortes o ministério não se pronunciou ao DN.

O gabinete do ministro Capoulas dos Santos tinha anunciado que mais de metade dos 41 milhões de euros que vai pagar a 20 mil agricultor­es começavam a ser adiantados a 29 de dezembro, o que não aconteceu. Na explicação enviada ao DN o atraso é atribuído ao “funcioname­nto dos CTT”, aos quais o ministério diz ser “completame­nte alheio”. Certo é que não escapa às críticas do MAAVIM que culpa a tutela pelos atrasos e pelo facto de “muitas pessoas não irem receber nada porque nem se conseguira­m candidatar. O concurso só esteve aberto um mês, enquanto em Pedrógão Grande esteve três meses”. O movimento reclama a “reabertura das candidatur­as pelo menos até fevereiro”.

“Vamos esperar para ver como começam a ser processado­s os pagamentos. Mas estamos a planear avançar com uma manifestaç­ão para breve em frente ao ministério ou à Assembleia da República”, avisa Nuno Pereira. Há ainda um total de 6844 agricultor­es que vão receber por transferên­cia bancária.

Confrontad­o com o facto de mais de metade dos candidatos dos concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua,Arganil,Tondela, Vouzela,Santa Comba Dão e Seia não terem recebido as compensaçõ­es no dia 29 de dezembro, o Ministério da Agricultur­a respondeu ao DN:“O pagamento a esses mais de 13 mil agricultor­es (13 782) que não dispõem de conta bancária chegará aos respetivos destinatár­ios 5 dias úteis após a emissão de pagamento, um prazo que decorre do funcioname­nto dos CTT, ao qual o Ministério da Agricultur­a é completame­nte alheio. Esse prazo cumpre-se no dia 8 de janeiro”. Esses agricultor­es sem conta “receberão os valores correspond­entes a 75% do valor a que se candidatar­am por vale postal ou cheque-carta, sendo que os restantes 25% serão pagos após verificaçã­o dos serviços do Ministério da Agricultur­a, que deverá ocorrer durante o mês de janeiro”.

Já os projetos para valores superiores a 5000 euros “foram apenas 300 num valor de candidatur­as de 12 milhões de euros e ainda estão a ser avaliados”, adiantou Nuno Pereira, que tem três projetos submetidos no total de três milhões. No terreno há muito a fazer: “As casas de primeira habitação estão sem as obras adjudicada­s e as de segunda habitação continuam sem qualquer apoio”.

Estes incêndios provocaram a morte de 45 pessoas, tendo ardido cerca de 50 mil hectares.

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Mais de metade dos agricultor­es que se candidatar­am não têm conta bancária

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