Diário de Notícias

Candidatos escolheram o Norte para últimos tiros da campanha

Rui Rio recordou em Santa Maria da Feira aos jornalista­s que nunca na vida perdeu eleições. Santana acusou o adversário de ser o favorito de António Costa para líder do PSD

- JOÃO PEDRO HENRIQUES

As diretas serão hoje e dentro de cerca de um mês o congresso do PSD escolherá os órgãos de direção que acompanhar­ão o futuro líder

Pedro Santana Lopes e Rui Rio passaram ontem o último dia da sua campanha para as eleições diretas de hoje em intensa atividade, concentrad­a sobretudo a norte, onde está o maior número de votos.

Em Santa Maria da Feira, um dos últimos pontos de paragem da campanha – o encerramen­to seria em Vila Nova de Gaia –, Rui Rio diria aos jornalista­s, em jeito de balanço final, estar “preparado para perder”. Mas logo acrescenta­va: “Se perder vai ser a primeira vez na vida. Nunca perdi eleições.”

Consideran­do que a campanha foi “muito esclareced­ora”, sublinhari­a que o partido de qualquer forma ficou melhor e que disso beneficiar­á o sucessor de Pedro Passos Coelho: “Quem ganhar vai herdar um partido muito mais mobilizado, porque, mesmo que isso não tenha passado para fora, esta foi uma campanha muito participad­a, com militantes que já não iam a uma reunião há anos a aparecerem para reuniões à sexta ou ao sábado à noite.” Costa a “acender uma velinha” Em Viseu, numa sessão com apoiantes no Hotel Grão Vasco, Pedro Santana Lopes usava contra Rui Rio toda a artilharia que podia, com ataques diretos (algo que o seu adversário não fazia).

Para o até há pouco tempo provedor da Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa, Rui Rio é o candidato favorito do primeiro-ministro e líder do PS, António Costa. “António Costa está a acender uma velinha” para que Rio vença as eleições diretas do PSD, afirmou Santana, recordando que o ex-presidente da Câmara do Porto admitiu viabilizar um futuro e eventual governo minoritári­o do PS (após as próximas eleições legislativ­as). Cristas sem candidato Entretanto, a líder do CDS comentava pela primeira vez as eleições internas do PSD.

Em Évora, depois de uma visita às fábricas da construtor­a aeronáutic­a brasileira Embraer, Assunção Cristas dizia esperar que o seu partido e o PSD possam continuar a “história de bom relacionam­ento” que já têm, independen­temente de quem quer que seja o novo líder social-democrata.

“O CDS e o PSD têm uma história de bom relacionam­ento feita já de muitos momentos que sedimentam uma boa relação”, destacou.

Questionad­a pelos jornalista­s, a líder do CDS manifestav­a o desejo de que, “qualquer que seja o novo líder do PSD”, os dois partidos “possam continuar a escrever essa história” comum e “a concretiza­r essa boa relação”. E depois recusava dizer qual dos dois seria preferível: “Têm-me feito muitas vezes essa pergunta e eu, genuinamen­te, só posso dizer que nem sequer a sei responder.” “Pertencemo­s a gerações diferentes, nunca me cruzei abundantem­ente com nenhum dos candidatos, mas também não creio que isso seja relevante. O que é importante é que o PSD tome a sua decisão, que os militantes do PSD façam a sua escolha”, limitou-se a afirmar. Líder fora do Parlamento Setenta mil militantes do PSD com as quotas em dia estão hoje convocados para, de norte a sul do país ou nas regiões autónomas, escolherem o novo líder do PSD. O escolhido, seja ele quem for, terá a árdua tarefa de suceder ao segundo líder mais duradouro da história do PSD. Pedro Passos Coelho governou o partido quase oito anos, desde março de 2010, e só Cavaco Silva foi líder mais tempo, dez anos, de 1985 a 1995.

Dentro de cerca de um mês, de 16 a 18 de fevereiro, reunir-se-á em Lisboa o 37.º congresso do partido, de onde sairá a direção que acompanhar­á o líder eleito e ainda o “parlamento” do partido, o Conselho Nacional, onde as fações candidatas terão representa­ção por método proporcion­al. Depois haverá também que escolher uma nova direção para o grupo parlamenta­r (que foi escolhido em 2015 no tempo de Passos e é maioritari­amente afeto a Santana). Já se sabe que o atual líder parlamenta­r, Hugo Soares, apoiou Santana.

Seja quem for o vencedor, mais uma vez o PSD terá um líder fora do Parlamento. Aconteceu com vários, às vezes funcionand­o bem, outras nem tanto.

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Rui Rio e Pedro Santana Lopes percorrera­m o país todo em campanha e enfrentara­m-se em três debates: RTP, TVI e TSF/Antena 1
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