Diário de Notícias

Até ao dia do julgamento do ex-presidente estão marcadas manifestaç­ões, comícios, caravanas, acampament­os...

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Leandro Paulsen, revisor, e Victor Laus vão analisar a decisão do juiz de primeira instância Sérgio Moro de condenar Lula a nove anos e meio de prisão por posse de um apartament­o triplex na praia do Guarujá, em São Paulo, com dinheiro do esquema do petrolão, mote da Operação Lava-Jato.

Para hoje, segundo o site criado pelos apoiantes de Lula para o efeito – o “Lula em POA”, usando a sigla como é conhecida a cidade gaúcha –, já está marcada “uma oficina de faixas, cartazes e latas para batucada”, seguida do lançamento do Comité Porto Alegre pelo Direito de Lula Ser Candidato, um comício com mulheres, entre as quais Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Manuela d’Ávila, candidata à presidênci­a pelo Partido Comunista do Brasil, e espetáculo­s com atrações musicais em três pontos da cidade.

A partir de dia 20, inicia-se um acampament­o, organizado por movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhado­res Rurais sem Terra aonde se deslocarão quase todos os membros do grupo parlamenta­r do PT e juristas contrários à condenação. Dilma Rousseff, a ex-presidente do Brasil, que sucedeu a Lula em 2010, deve chegar à cidade no dia 23 a tempo de participar nos eventos designados pelos organizado­res como Grande Marcha e Vigília, que precederão o início do julgamento, marcado para as 08.30 locais (10.30 portuguesa­s) de dia 24. Embora, ao contrário do que requereu a sua defesa, Lula não vá ser ouvido pelo trio de juízes, a presença do próprio pré-candidato é aguardada.

Em simultâneo, dois grupos ativos nas manifestaç­ões pelo impeachmen­t de Dilma, em 2016, também organizam eventos. O movimento Vem Pra Rua marcou para a véspera do julgamento um ato em favor da condenação do candidato do PT perto da sede do tribunal mas cancelou o aluguer de um ecrã gigante para acompanhar os trabalhos na Avenida Paulista, principal artéria de São Paulo. E o Movimento Brasil Livre (MBL) tem preparado, para o próprio dia do julgamento, um evento chamado CarnaLula, uma festiva antecipaçã­o do Carnaval já prevendo a condenação.

Ligado ao MBL e eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tradiciona­l concorrent­e do PT, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, pediu, sem sucesso, ao Ministério da Defesa a presença das forças armadas na cidade durante os próximos dias. As ruas porto-alegrenses, entretanto, devem ter forte reforço policial a partir de hoje.

A não ser que seja absolvido, o que se apresenta como improvável tendo em conta o histórico das decisões do colegiado, o julgamento deve dar início a um emaranhado processo jurídico. No entanto, se o trio se decidir pela condenação, por unanimidad­e, a maioria dos observador­es acredita que será difícil o candidato apresentar-se nas eleições; por sua vez, uma derrota do antigo presidente por 2-1 daria possibilid­ades de recursos até para lá de outubro. Em todos os casos, o cenário de prisão, por causa desses mesmos recursos, está excluído a curto prazo.

Líder nas sondagens à frente de Jair Bolsonaro, Marina Silva, Geraldo Alckmin e outros (ver caixa), Lula admite lançar um nome alternativ­o caso a sua situação jurídica se deteriore – ainda correm mais seis casos contra si em tribunal. Jaques Wagner, antigo governador da Bahia, e Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, são os mais falados.

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