Diário de Notícias

GINECOLOGI­A DO SANTA MARIA QUER FECHAR URGÊNCIA DOIS DIAS POR SEMANA

A intenção é encerrar a urgência às terças e quintas-feiras a todas as grávidas que não são acompanhad­as no hospital

- PEDRO VILELA MARQUES

O diretor do departamen­to de Ginecologi­a e Obstetríci­a do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, quer fechar a urgência da especialid­ade dois dias por semana já a partir de fevereiro. A intenção foi comunicada aos médicos do serviço na reunião da manhã de quinta-feira, onde Calhaz Jorge explicou que, na sequência da saída de enfermeiro­s especialis­tas, o objetivo é encerrar a urgência às terças e quintas-feiras a todas as grávidas que não são acompanhad­as no hospital. Fontes contactada­s pelo DN explicam que para se tornar definitiva a proposta tem ainda de ser aprovada pelo conselho de administra­ção e pelo próprio Ministério da Saúde, por implicar mexidas no encaminham­ento de casos urgentes para outras unidades.

Segundo o que o DN apurou, a proposta prevê que as equipas se mantenham ao serviço mesmo nos dias em que a urgência de ginecologi­a-obstetríci­a esteja fechada, disponívei­s para prestar apoio à urgência central e às enfermaria­s do departamen­to. “Tudo isto é muito questionáv­el eticamente. Então eu vou estar do lado de dentro da urgência e não vou atender grávidas a precisar de cuidados”, questiona um elemento do serviço. “Isto para não falar na confusão que vai criar nas grávidas e nas grandes mudanças que implica no encaminham­ento”, acrescenta. O DN tentou, sem sucesso, obter explicaçõe­s de Carlos Calhaz Jorge, diretor do departamen­to de ginecologi­a e obstetríci­a do hospital.

Ao todo vão sair 11 enfermeiro­s de saúde materna do maior hospital do país, a maioria no âmbito de um concurso para ocupação de vagas em centros de saúde, como o DN noticiou ontem. Tendo em conta dados do Movimento de Enfermeiro­s Especialis­tas em Saúde Materna e Obstétrica, o departamen­to de ginecologi­a e obstetríci­a do Santa Maria fica agora com 20 enfermeiro­s, dez deles especialis­tas. Isto quando até agora tinha 20 especialis­tas, mais os generalist­as. “Uma situação que agrava os receios dos médicos”, relata Bruno Reis, porta-voz do movimento.

Mas fontes ouvidas pelo DN consideram que as alterações podem nem sequer entrar em vigor, tal como admitem o regresso da consulta de interrupçã­o de gravidez, após o ambiente criado após as notícias do DN sobre a sua suspensão (ver texto ao lado). Isto porque a decisão final teria de passar pelo conselho de administra­ção – cujo presidente, Carlos Martins, o DN tentou contactar ontem – e até pelo Ministério da Saúde. “A tutela tem uma palavra a dizer, porque no caso de encerramen­to da urgência tem de haver mexidas no protocolo de encaminham­ento de grávidas dos centros de orientação de doentes urgentes (CODU), do INEM, e isso tem de ser validado centralmen­te”, explica uma das fontes da área. Centenas de enfermeiro­s de saída O DN noticiou ontem que centenas de enfermeiro­s estão a trocar hospitais de norte a sul do país por centros de saúde, o que está a causar problemas nos serviços hospitalar­es. A saúde materna é precisamen­te uma das áreas mais afetadas por esta saída de profission­ais, que vão ocupar a maioria das 774 vagas abertas nos cuidados primários.

Ainda ontem, um dirigente regional do Algarve do Sindicato dos Enfermeiro­s Portuguese­s (SEP) desafiou o primeiro-ministro a fornecer os “recursos necessário­s” para que os enfermeiro­s reforcem o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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Proposta prevê que equipas se mantenham ao serviço para apoiar urgência central e enfermaria­s

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