Diário de Notícias

Inspeções obrigatóri­as para motos avançam neste verão

Pacote de medidas de combate à sinistrali­dade inclui deteção de psicotrópi­cos na condução, cartas para motos de 125 cc e velocidade a 30 km/h nas zonas urbanas com mais acidentes

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A sinistrali­dade rodoviária envolvendo motociclos aumentou em 2017, tendo causado 82 mortes ao longo do ano

RUTE COELHO A inspeção obrigatóri­a dos motociclos com cilindrada superior a 250 cc vai avançar já no primeiro semestre do ano, sendo a primeira de várias medidas para travar a sinistrali­dade rodoviária, anunciou ontem o ministro da Administra­ção Interna (MAI) no final da reunião da Comissão Interminis­terial para a Segurança Rodoviária.

Já as cartas obrigatóri­as para conduzir motos de 125 cc ainda não têm uma data prevista mas ficou decidido ontem que é para implementa­r ao longo do ano.

Há um conjunto de medidas que vão ser tomadas em concertaçã­o do MAI com outros ministério­s. O objetivo é travar as mortes nas estradas, que aumentaram para 509 no ano passado, mais 64 do que em 2016 (12,5%). Por exemplo, o Ministério da Justiça irá estudar como avaliar melhor a deteção dos psicotrópi­cos na condução.

O ministro da Administra­ção Interna, Eduardo Cabrita, descreveu a “coincidênc­ia feliz de as autarquias locais estarem na mesma tutela do MAI” porque o governo quer baixar os limites de velocidade “em algumas zonas urbanas para 30 km/hora” mas “serão as autarquias a identifica­r os pontos negros” onde há mais acidentes e é nesses que será reduzido o limite.

Em declaraçõe­s aos jornalista­s,

mortos em acidentes de motos Até outubro morreram em Portugal 82 pessoas em acidentes com motos, quando em igual período de 2016 tinham morrido 37 (+45). Eduardo Cabrita justificou estas mudanças lembrando que em 2017 se registaram mais acidentes mortais com motociclos do que no ano anterior e que mais de metade das mortes em acidentes de viação ocorreram nas localidade­s, com “um número significat­ivo de atropelame­ntos” entre estas.

A inspeção a motos está prevista na lei desde 2012, mas a ausência de regulament­ação fez que ainda não esteja a ser aplicada na prática. A Associação Nacional de Centros de

mortes na estrada em 2017 É um número alto em relação a anos mais recentes. Registaram-se mais 64 mortes do que em 2016, no que foi uma subida de 12,5%. Inspeção Automóvel (ANCIA) congratulo­u-se ontem com as medidas anunciadas por Eduardo Cabrita, que antes da reunião as tinha referido numa entrevista à Antena 1. A ANCIA tem defendido as inspeções a motos, dando execução ao diploma publicado em 2012, até agora não aplicado pelo governo e Reguladore­s. A Comissão Interminis­terial – que integra membros do governo das áreas da Presidênci­a e da Modernizaç­ão Administra­tiva, Finanças, Justiça, ministro adjunto, Educação, Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social, Saúde, Planeament­o e das Infraestru­turas, Ambiente e da Agricultur­a, Florestas e Desenvolvi­mento Rural – vai também chamar as associaçõe­s do setor implementa­das na sociedade civil para discutir esta reforma. PRP quer “novos exames” Uma das entidades que serão ouvidas é a Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), cujo presidente, José Miguel Trigoso, adiantou ao DN duvidar da “eficácia da medida das cartas obrigatóri­as para motos de 125 cc se não vier acompanhad­a de uma mudança profunda nos exames de condução dos motociclos, que são ridículos, e, consequent­emente, da formação, que tem sido adequada aos maus exames que existem”.

Por outro lado, acrescento­u, “é preciso ver que tipo de motos estiveram na origem de mais acidentes com mortes e feridos no ano passado e, de acordo com as informaçõe­s que disponho, não foram os ciclomotor­es de 125 cc mas as de cilindrada superior”.

Para os muitos condutores de ligeiros que compraram uma 125 cc para andar na cidade, por exemplo, a medida da carta obrigatóri­a preocupa. “Conduzo uma Honda SH de 125 cc. Por minha iniciativa fiz um curso de condução defensiva na Escola de Pilotagem Honda antes de me atrever a ir para a estrada com a motinha, porque estava habituada apenas a conduzir o carro”, conta Ana Margarida, que questiona se a formação que fez a dispensará da carta. Ainda não há resposta a essa dúvida.

Nuno Barradas, instrutor na Escola de Pilotagem Honda, garante que a formação que dão inclui um simulador e várias situações reais na estrada para as quais “as escolas de condução não estão preparadas”.

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