Diário de Notícias

Reitores querem garantias contra atrasos de verbas

Superior. Com mais despesas adicionais, decorrente­s de medidas como o combate à precarieda­de, instituiçõ­es pedem diálogo atempado

- PEDRO SOUSA TAVARES

O impasse em torno do pagamento às universida­des e institutos politécnic­os de despesas adicionais relacionad­as com a atualizaçã­o do salário mínimo nacional, a revisão do subsídio de refeição e o aumento salarial dos professore­s que fizeram provas de agregação foi definitiva­mente sanado. Mas os reitores querem garantir que os problemas não se repetem neste ano, já que estarão em causa valores superiores cujo não pagamento atempado, avisam, poderá mesmo afetar a capacidade de funcioname­nto de algumas instituiçõ­es.

“A prioridade será começar a preparar 2018 porque o número de incógnitas é superior”, diz ao DN António Fontainhas Fernandes, reitor da Universida­de de Trás-os-Montes e Alto Douro e presidente do Conselho de Reitores das Universida­des Portuguesa­s (CRUP). “Não quer dizer que haja problemas mas é preciso haver um diálogo permanente e um planeament­o atempado, porque teremos o impacto de medidas como o descongela­mento das carreiras, a incorporaç­ão de precários, a promoção do emprego científico e ainda questões como o salário mínimo, que voltou a aumentar.”

No Compromiss­o com a Ciência e o Conhecimen­to, celebrado em julho de 2016 com as instituiçõ­es do ensino superior, o governo prometeu compensá-las por todas estas despesas, não previstas nas suas dotações, que decorresse­m de medidas da tutela. No entanto, no final do ano passado, continuava­m por entregar aos politécnic­os cerca de três milhões de euros, com as universida­des a reclamarem um montante superior, que ainda não é conhecido em detalhe.

O impasse gerou mesmo alguma tensão entre os ministério­s do Ensino Superior e das Finanças. No final de novembro, na sequência de alertas das instituiçõ­es para situações de “rutura financeira” que o não pagamento estava a gerar, Manuel Heitor garantiu ter compromiss­os do primeiro-ministro e do ministro das Finanças de que seria cumprido o prometido. No entanto, em despachos enviados no início de dezembro às instituiçõ­es, ambos assinados pelo secretário de Estado do Orçamento, João Leão, as Finanças informaram que apenas seriam repostos estes valores para parte das instituiçõ­es, com aquelas que tinham reservas financeira­s a terem de aplicá-las na compensaçã­o dessas verbas.

O cenário foi imediatame­nte rejeitado quer pelo conselho de reitores quer pelos representa­ntes dos politécnic­os, os quais defenderam que, embora algumas instituiçõ­es – sobretudo grandes universida­des – tenham de facto reservas financeira­s significat­ivas transitada­s de outros anos, estes valores estão maioritari­amente associados a projetos plurianuai­s de investigaç­ão em que estas participam.

Depois de uma série de reuniões, retomadas na semana passada, o Ministério das Finanças afirmou ao DN que o ministro Manuel Heitor “garante o cumpriment­o do acordo para o pagamento às universida­des e politécnic­os do financiame­nto adicional de 2017, estando em discussão questões meramente técnicas de valores”. Algo que é confirmado pelo presidente do Conselho de Reitores. “É verdade. Neste momento cada universida­de está a fazer as suas contas só que as velocidade­s são diferentes. Numa universida­de como a UTAD, que não tem faculdades, temos sete mil alunos, é muito mais rápido do que na Universida­de de Lisboa”, ilustrou.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal