PSA já produz K9 em Mangualde. Vai contratar mais 225 pessoas
Fábrica do grupo francês antecipa para abril arranque do terceiro turno de laboração, que vai permitir montar mais cem carros por dia. 2017 foi melhor ano de produção desde 2014
A fábrica de Mangualde recebeu um investimento de 50 milhões para se preparar para a produção do novo ligeiro de mercadorias DIOGO FERREIRA NUNES e ILÍDIA PINTO A PSA de Mangualde começou já a produzir o K9, o novo ligeiro de mercadorias que estará à venda a partir do início de 2019. As primeiras unidades em pré-séries do novo modelo já estão a sair da fábrica do distrito de Viseu; a produção em série está prevista para o segundo semestre do ano. Ao mesmo tempo, a fábrica portuguesa do grupo liderado por Carlos Tavares, que engloba as marcas Citroën, Peugeot e Opel, vai assegurar o final da montagem dos veículos comerciais ligeiros Peugeot Partner e Citroën Berlingo. Isto vai obrigar a empresa a antecipar a criação de um terceiro turno de laboração, com a contratação de 225 pessoas, o que só estava previsto para o final deste ano.
“Temos sempre vários cenários a médio prazo. Este [da antecipação do terceiro turno] era um dos nossos melhores cenários que já estava em estudo”, refere ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial da PSA Mangual- de. A fábrica vai passar a produzir 300 carros por dia a partir de abril, sendo certo que o novo turno assegura uma “produção suplementar” de cem unidades ao dia. Em cada um dos outros turnos são produzidos 114 carros por dia, residindo a diferença no facto de o terceiro turno ser uma hora mais curto.
O Grupo PSA dá conta que o processo de recrutamento, destinado a contratar operacionais e trabalhadores para funções de apoio, está já em marcha. “Este é mais um passo importante do Mangualde 2020, projeto com o qual a empresa está a consolidar o seu futuro. Este novo projeto baseia-se na transformação da fábrica, mais renovada e com um novo produto, com um processo mais moderno, eficiente e ergonómico, a pensar no bem-estar dos colaboradores e adaptado às exigências e oportunidades da indústria 4.0”, destaca José Maria Castro Covelo, diretor da empresa de Mangualde.
Mas a laboração em três turnos só está garantida até ao final da produção dos Peugeot Partner e Citroën Berlingo. “A sua continuação dependerá essencialmente da resposta dos mercados ao novo modelo.” O K9, que será produzido de forma partilhada com a unidade da PSA em Vigo, destina-se a abastecer os mercados português, espanhol, francês, italiano e turco. Segundo os jornais espanhóis, a produção do K9 será de mais de 260 mil unidades em 2018, número que subirá acima das 350 mil no próximo ano.
Para se preparar para a produção do K9, a empresa de Mangualde recebeu de 50 milhões de euros, verba destinada ao investimento global na “industrialização do carro” e à “transformação da fábrica”. Um valor apoiado por fundos comunitários – foi um dos primeiros projetos a beneficiar do Portugal 2020 – e anunciado em junho de 2015. Na altura, a PSA Mangualde destacava que o lançamento da produção do K9, veículos de nova geração, estava associado à “ambição de aumentar o número de fornecedores nacionais da fábrica de Mangualde”. Portugal é um dos 11 países da União Europeia que estão a ajudar a formar os futuros trabalhadores da indústria automóvel. Ao abrigo do projeto DRIVES – Development and Research on Innovative Vocational Educational Skills, o país recebeu 556 927 euros em financiamento comunitário para promover ações de formação e educação. O projeto terá a duração de quatro anos e pretende criar uma aliança de competências que passa pela produção de veículos, fornecedores da indústria, vendas e serviço pós-venda. Até 2025, a indústria automóvel deverá criar mais de 900 mil postos de trabalho.
“Ciclo de vida de design, materiais avançados, automação e conectividade, eletrificação, descarbonização, reciclagem e harmonização da cadeia de fornecimento” são as áreas em que haverá formação, refere Henrique Burnay, sócio da consultora Eupportunity. Pelo menos 1200 pessoas vão beneficiar desta iniciativa, estejam ou não dentro desta indústria. Universitários, jovens em formação vocacional e pessoas em requalificação profissional (desempregadas ou não) serão os destinatários deste programa. As próprias empresas vão ter formação especializada.
A Universidade do Minho, através do centro de investigação Algoritmi, o Instituto Politécnico de Viseu e a associação sem fins lucrativos Idescom, que vai ajudar a procurar talentos e a apoiar o recrutamento de mão-de-obra especializada, são os parceiros operacionais portugueses do DRIVES. O município de Mangualde, a AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e o grupo de produção de interiores Antolín são outros dos parceiros.
O DRIVES é liderado pela República Checa e conta com um financiamento total de quatro milhões de euros da parte do programa comunitário Erasmus+. O projeto foi lançado no âmbito do grupo de trabalho Gear 2030, da Comissão Europeia, que tem vindo a desenvolver análises e estudos para a automatização da mobilidade na Europa, especificamente relacionadas com carros conectados e carros autónomos.