Diário de Notícias

Vieira da Silva nega pressões na entrada da Santa Casa no Montepio

Banca. Ministro não tem conhecimen­to do valor do investimen­to a realizar pela Santa Casa e passou algumas questões legais para o Banco de Portugal

- RUI BARROSO

Vieira da Silva assumiu que sugeriu à Santa Casa que ponderasse investir no Montepio. Mas rejeitou que o governo tenha feito pressões para que a entidade entrasse no capital do banco. “Nunca houve nenhuma pressão e o governo não empurrou a Santa Casa para coisa nenhuma”, garantiu ontem numa audição parlamenta­r. O ministro da Segurança Social apoia a ideia porque considera que faz sentido que existam instituiçõ­es fortes detidas pelo setor social. Mas garantiu que “todas as cautelas serão tomadas”.

Em relação ao valor da operação, o número que tem sido avançado é de 200 milhões de euros, com a Santa Casa a ficar com 10% do capital do banco, Vieira da Silva realçou que não tem “conhecimen­to do valor que venha a acontecer de uma eventual associação destas instituiçõ­es”.

Na semana passada, o pro- vedor da Santa Casa, Edmun- do Martinho, referiu que nada estava definido sobre a entrada no Montepio, revelando apenas que a decisão chegará até final do mês. Vieira da Silva disse que “não tem estados de alma” sobre se o negócio avança ou não. Mas recordou que a Santa Casa e o Montepio já têm parcerias em outras áreas, como numa sociedade de exploração de jogo online, por exemplo.

Sobre a paternidad­e da ideia, o governante explicou que “na sequência da manifestaç­ão de interesse da Santa Casa, por parte do provedor da altura, junto do governo de ter uma participaç­ão no setor financeiro, coloquei a hipótese de essa possibilid­ade ser feita num banco que tem caracterís­ticas especiais”. E defendeu que o governo não esteve sozinho nesse entendimen­to, porque, referiu, houve “muitos agentes do setor social” a apoiar a ideia.

Carlos Costa chamado ao Parlamento

Na audição, Vieira da Silva foi confrontad­o com algumas questões legais que podem surgir com o negócio, como o risco de a entrada da Santa Casa no Montepio poder ser considerad­a uma ajuda de Estado, o que levaria a uma avaliação por parte da Comissão Europeia. E remeteu-as para o Banco de Portugal, que, considera, “é quem está a desenvolve­r a possibilid­ade desta associação e quem tem responsabi­lidades de acompanhar da sua legalidade”.

No entanto, nos casos a envolver ajudas de Estado o interlocut­or com as autoridade­s europeias é o governo, como aconteceu nos casos da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco. Vieira da Silva relembrou que a questão não foi levantada noutros investimen­tos feitos pela Santa Casa no passado. E apesar de não antecipar problemas nesse ponto, garantiu que esse risco “será avaliado”. Contactado, o Ministério das Finanças, por onde tem passado a questão das ajudas à banca, não quis pronunciar-se sobre o tema. O Banco de Portugal também não fez comentário­s.

Após as declaraçõe­s de Vieira da Silva sobre o papel do Banco de Portugal neste processo, o CDS anunciou que iria requerer a audição do governador, Carlos Costa, para “esclarecer e clarificar” o acompanham­ento que está a ser feito pelo supervisor.

O governo “não empurrou a Santa Casa para coisa nenhuma”, garante Vieira da Silva

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