Diário de Notícias

Escolas têm recebido milhares de novas inscrições e falta de alojamento começa a ser problema. Muitos pensam em ficar de vez

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ROBIN RESPAUT (Texto) e ALVIN BAEZ (Fotos), Orlando, EUA No gabinete de Leslie Campbell na cidade de Saint-Cloud, no centro da Florida, o telefone não para de tocar. Diretora dos programas especiais do Distrito Escolar do Condado de Osceola, Campbell ajuda a inscrever estudantes que fogem de um Porto Rico devastado pelas tempestade­s.

E tem estado muito ocupada. Desde que os furacões Irma e Maria devastaram as Caraíbas em setembro, mais de 2400 novos estudantes chegaram ao distrito. Um número mais do que suficiente para encher duas escolas primárias de um tamanho normal. Dezenas de outros jovens aparecem todas as semanas. “Estamos assoberbad­os, desde o minuto em que chegamos, até ao minuto em que saímos”, diz Campbell, que ajuda famílias a obter transporte­s, refeições e roupa.

Um pouco por todo o país, as autoridade­s estaduais e locais estão a lutar para gerir um afluxo de porto-riquenhos, uma migração que afeta os orçamentos da educação, da habitação, a demografia e as listas de eleitores nas comunidade­s onde estes recém-chegados se estão a instalar.

A Florida, que já era a casa de mais de um milhão de porto-riquenhos, está na linha da frente. Cerca de 300 mil ilhéus chegaram ao estado desde o início de outubro, de acordo com a Divisão de Gestão de Emergência­s da Florida. Este fluxo é quase 2,5 vezes a dimensão do êxodo de Mariel, que trouxe 125 mil cubanos de barco para a Florida em 1980.

Alguns porto-riquenhos chegaram pela Florida a caminho de Nova Iorque, Pensilvâni­a, Texas e outros estados. Alguns eventualme­nte regressarã­o a casa. Mas muitos não o farão. A ilha ainda está devastada meses após o furacão Maria, uma tempestade de categoria 5 que causou danos catastrófi­cos em casas, negócios e infraestru­turas. Quase 40% dos moradores ainda não têm eletricida­de. A economia foi devastada.

Para a Florida, a chegada de porto-riquenhos está a alterar orçamentos públicos e talvez as contas políticas num estado que o presidente Donald Trump ganhou por uma curta margem em 2016. Os porto-riquenhos, que são cidadãos norte-americanos, estão no caminho de superar os cubanos-americanos dentro de poucos anos como o maior bloco de eleitores latinos do estado. Muitos criticaram a resposta da administra­ção Trump ao furacão, classifica­ndo-a de inadequada.

Os políticos estão atentos. O governador da Florida, o republican­o Rick Scott, tem procurado ajudar estes recém-chegados. O estado abriu um centro de acolhiment­o onde os porto-riquenhos podem candidatar-se a cupões de comida e ao Medicaid, o sistema federal de saúde para os pobres. Scott pediu 100 milhões de dólares adicionais em despesas do estado para abrigar famílias que chegam, muitas das quais são alojadas com familiares ou encaixadas em hotéis envelhecid­os.

Washington, entretanto, continua a lutar com a questão de como ajudar Porto Rico, tendo rejeitado há muito a ideia de um resgate federal para o insolvente território dos Estados Unidos, que entregou um pedido de bancarrota em maio. É improvável que o Congresso conceda os perto de 94,4 mil milhões de dólares que os líderes do território estimam que sejam necessário­s para a reconstruç­ão.

À medida que os legislador­es federais se encolhem, os contribuin­tes estaduais e locais estão a ver a conta para reinstalar os ilhéus a aumentar.

A nível estadual, mais de 11 200 estudantes de Porto Rico e das Ilhas Virgens Americanas matricular­am-se nas escolas públicas da Florida desde as tempestade­s, de acordo com o gabinete do governador. A maior parte chegou após o prazo que determina o financiame­nto do estado com base nas inscrições, o que resultou numa perda para os distritos locais de 42 1. Deborah Oquendo partilha um quarto de hotel com a filha bebé 2. Liz Vasquez e o filho também vivem num hotel 3. Keyshla Betancourt tem agora melhores cuidados de saúde 4. Restaurant­e em Kissimmee onde os porto-riquenhos se juntam milhões de dólares durante o semestre de outono de 2017, mostra uma análise feita pela Reuters.

Os pedidos para assistênci­a pública aumentaram 5% na Florida no último trimestre de 2017, quando comparado com o mesmo período de 2016, segundo dados estaduais. A emissão de cupões de comida federais, impulsiona­da pelas vítimas dos furacões Irma e Maria,

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