Leão de Prata para Marlene Monteiro Freitas
Coreógrafa foi considerada pelo júri “uma das surpresas das últimas temporadas”
A Bienal deVeneza decidiu atribuir, na área da dança, o Leão de Ouro de carreira à coreógrafa norte-americana Meg Stuart, enquanto o Leão de Prata, atribuído a uma promessa nesta área, será entregue à coreógrafa cabo-verdiana Marlene Monteiro Freitas, que habitualmente trabalha em Portugal.
Em comunicado, a Bienal explica que o reconhecimento das duas artistas foi proposto pela diretora para a área da dança Marie Chouinard e aceite pelo conselho de administração da Bienal de Veneza, presidido por Paolo Baratta.
“Considerada um dos maiores talentos da sua geração, Marlene Monteiro de Freitas tem sido a surpresa das últimas temporadas, com a sua presença eletrizante e a força dionisíaca dos seus espetáculos”, explica o comunicado. “Interessada na ‘metamorfose’ e na ‘deformação’ – eco provável da tradição carnavalesca da sua ilha nativa, Cabo Verde. Os híbridos criados por Freitas desafiam musical e alegremente os limites do esteticamente correto. Trabalhando sobre as emoções e não sobre os sentidos, as suas coreografias abrem o imaginário para a multiplicidade desenfreada do ego (e da motivação)”, lê-se ainda na mesma nota.
A cerimónia de entrega do Leão de Ouro realizar-se-á a 22 de junho, na abertura do 12.º Festival Internacional de Dança Contemporânea. Nesta ocasião, Meg Stuart e a sua companhia, a Damaged Goods, apresentarão o espetáculo Built to
Last (2012), que em junho do ano passado esteve no Teatro Municipal Maria Matos, em Lisboa. O Leão de Prata será entregue a 28 de junho. Marlene Monteiro de Freitas apresentará então a sua última
peça, Bacantes – Prelúdio para Uma Purga, a partir de Eurípedes, espetáculo estreado em abril do ano passado no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, tendo sido depois apresentado em vários locais, no país e no estrangeiro.
Marlene Monteiro Freitas nasceu em Cabo Verde, onde cofundou o grupo de dança Compass. Aos 18 anos mudou-se para Lisboa. Estudou Dança na P.A.R.T.S. (Bruxelas), na E.S.D. e na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa). Trabalhou com Emmanuelle Huynh, Loic Touzé, Tânia Carvalho e Boris Charmatz, entre outros. Criou as peças De Marfim e Carne – As Estátuas também Sofrem (2014), Paraíso – Colecção Privada (2012-13), (M)imosa (2011), com Trajal Harrell, François Chaignaud e Cecilia Bengolea, Guintche (2010), entre outras. É cofundadora da P.OR.K, estrutura de produção sediada em Lisboa.
Nas anteriores edições, o Leão de Prata da dança foi atribuído aos Estúdios Anne Teresa De Keersmaeker (2010), ao italiano Michele Di Stefano (2014) e à canadiana Dana Michel (2017).