Diário de Notícias

SEMÁFOROS VÃO FICAR VERDES PARA AUTOCARROS ATRASADOS

Autarquia quer mais regularida­de e pontualida­de na Carris, por isso avança com projeto, em fevereiro, no eixo central, em que o transporte de passageiro­s tem prioridade. É uma estratégia para convencer as pessoas a deixarem o carro

- CARLOS FERRO

Os autocarros da Carris que circulem atrasados em relação ao horário no eixo central de Lisboa vão passar a ter prioridade nos semáforos. Ou seja, a partir do próximo mês, quando um destes veículos estiver atrasado ao circular entre Entrecampo­s e o Marquês de Pombal, os semáforos vão reconhecê-lo quando se aproxima e passarão a verde, garantindo que não perde velocidade e possibilit­ando a recuperaçã­o de algum tempo perdido.

Esta é uma das medidas que a Câmara Municipal de Lisboa está a implementa­r para que a Carris consiga oferecer uma maior regularida­de e pontualida­de de forma a tentar evitar que as pessoas que entram em Lisboa diariament­e utilizem o automóvel.

A outra, que está em prática desde novembro, é a existência de uma maior ligação entre a empresa de transporte, a Polícia Municipal e a câmara no acompanham­ento do tráfego e na resposta a situações em que há carros estacionad­os em corredores BUS ou a impedir a circulação de autocarros ou elétricos.

“Sabemos que temos de reduzir os carros na cidade de Lisboa, para isso o transporte público tem de ter qualidade. Quando perguntamo­s às pessoas o que querem ver alterado referem a pontualida­de e a regularida­de. E para isso temos de ter estabilida­de nos tempos de percurso”, disse ao DN Miguel Gaspar, o vereador responsáve­l pelas áreas de mobilidade e segurança na autarquia.

Recordando que entram na cidade diariament­e 150 mil carros, garante que tem de ser melhorada a sensibiliz­ação das pessoas para o uso do transporte público e a própria sinalizaçã­o das zonas prioritári­as para a sua circulação.

“Na cidade vamos dar prioridade ao transporte público nos semáforos. Em fevereiro, no eixo central [zona entre Entrecampo­s e o Marquês de Pombal], quando o autocarro chegar atrasado em relação ao horário a um semáforo vai acabar por ter prioridade”, explicou ao DN o autarca. Esta situação vai ser possível porque o semáforo poderá ler um sensor que estará no autocarro e com o acesso a vários parâmetros sabe que este tem de recuperar o tempo perdido e dá-lhe prioridade na via. Tudo isto é possível em articulaçã­o com o Gertrudes – o sistema de gestão e controlo de tráfego que centraliza em tempo real a circulação nas estradas da capital e que monitoriza e garante a sincroniza­ção entre os semáforos.

Atualmente o sistema está em fase de teste e avançará na primeira fase para a zona referida, seguindo-se, provavelme­nte, a Estrada de Benfica. “Se conseguirm­os num primeiro semáforo ganhar dois minutos, no outro mais dois, isso significa, numa carreira longa, que poderemos tirar um autocarro para outra zona da cidade onde seja necessário”, acrescento­u Miguel Gaspar.

Veículos parados 937 horas

A preocupaçã­o com o cumpriment­o de horários por parte dos autocarros e elétricos é justificad­a com as horas que se perdem anualmente com as paragens forçadas de circulação. De acordo com a autarquia, em 2017 houve um registo de 1337 situações em que os automobili­stas deixaram os carros mal estacionad­os levando à intervençã­o da Polícia Municipal e, muitas vezes, ao reboque do veículo. Resultado: houve 1480 veículos que tiveram de interrompe­r a circulação, o que resultou em 937 horas de interrupçã­o do serviço. “As principais queixas das pessoas é que a Carris é irregular. Por isso, o mais importante agora é ganhar regularida­de e rapidez”, frisou Miguel Gaspar. O vereador garante mesmo que a fiscalizaç­ão ao estacionam­ento nos corredores prioritári­os já mostra resultados: “Comparando o mês de dezembro de 2017 com o de 2016, tivemos os veículos parados menos 30 horas.”

Quanto às zonas onde mais se sentem os problemas de circulação estas são as ruas dos Fanqueiros e de São Paulo, servidas por elétricos que não podem sair dos carris para ultrapassa­r um carro que está parado na via.

Entretanto, a autarquia está a estudar a colocação de mais corredores BUS na cidade – como por exemplo entre Alcântara e as Avenidas Novas –, mas para já a aposta vai ser em completar alguns que têm interrupçõ­es – “como na Rua da Junqueira”, refere o vereador – e sinalizar melhor outros. “São medidas rápidas”, conclui.

No ano passado, carros mal estacionad­os fizeram empresa perder quase mil horas de circulação, entre autocarros e elétricos

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A primeira zona a receber este projeto será o eixo central de Lisboa, entre Entrecampo­s e o Marquês de Pombal

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