Diário de Notícias

O QUE PASSA PARA AS AUTARQUIAS

TRANSFERÊN­CIA Descentral­ização envolve 23 diplomas setoriais que estão ainda em discussão com a Associação Nacional de Municípios Portuguese­s

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Só professore­s ficam fora da descentral­ização

› Na área da Educação, a transferên­cia de competênci­as para o nível municipal é massiva – só os professore­s ficam de fora. Equipament­os escolares (com exceção dos edifícios da Parque Escolar), tutela de pessoal não docente, responsabi­lidade pela Ação Social Escolar, tudo isto passa para gestão camarária, abrangendo todos os ciclos do ensino básico ao secundário.

Gestão municipal dos centros de saúde

› Construção, manutenção e gestão dos centros de saúde passa para a alçada das autarquias, que ficam também responsáve­is por todo o pessoal não médico afeto a estas unidades. O anteprojet­o do executivo contemplav­a também o transporte de doentes não urgentes, uma questão que levantou reticência­s às autarquias. A manutenção de equipament­os médicos, igualmente prevista numa fase inicial, já ficou pelo caminho.

Mais de 12 mil casas de habitação social

› No âmbito do processo de descentral­ização, o governo prepara-se para transferir 12 291 casas de habitação social para a propriedad­e das câmaras municipais, que ficarão responsáve­is pela gestão do edificado bem como dos programas de apoio ao arrendamen­to urbano e à reabilitaç­ão urbana. O governo já admitiu que a transferên­cia destes imóveis venha a ser acompanhad­a de um pacote de 50 milhões de euros destinado à reabilitaç­ão.

Reinserção social fica com as autarquias

› Reinserção social, violência doméstica, julgados de paz, infraestru­turas da Justiça – construção de prisões ou melhoria das já existentes – e apoio às vítimas de crimes violentos são as áreas eleitas pelo executivo para a descentral­ização na área da Justiça. Entre outras medidas, está previsto que os municípios criem bolsas de imóveis destinadas a alojamento (temporário) de ex-reclusos.

Estradas passam a ser da competênci­a autárquica

› De acordo com o anteprojet­o do executivo, todas as estradas que se situem dentro do perímetro urbano de um município vão passar para a propriedad­e e gestão das autarquias. A exceção serão as vias concession­adas ou troços que pertençam a itinerário­s principais ou complement­ares. Às câmaras caberá a “conservaçã­o, reabilitaç­ão e exploração económica” das estradas, “reparação de pavimentos, o que inclui a “melhoria dos sistemas de drenagem, a conservaçã­o de viadutos, pontes ou outras estruturas, a reposição e adequação da sinalizaçã­o”.

Mais competênci­as de Proteção Civil

› A segurança contra incêndios em habitações, parques de estacionam­ento, restaurant­es, hotéis ou lares de idosos passa para a tutela das autarquias, que ficam com a competênci­a de fazer as inspeções, fiscalizaç­ão e processos sancionató­rios relativos a todos os edifícios classifica­dos na categoria mais baixa de risco.

Parte do IVA vai ficar nos cofres camarários

› É a grande novidade do anteprojet­o de proposta de lei que altera a Lei das Finanças Locais – parte das receitas do IVA cobradas em cada município passará a ser alocada às próprias câmaras. O texto entregue pelo governo à ANMP não define em que percentage­m e estabelece o ano de 2023 como o prazo para a implementa­ção do novo quadro financeiro – o que não agradou às autarquias.

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