Diário de Notícias

Trump ameaça palestinia­nos com corte de ajuda financeira

Presidente dos Estados Unidos acusa palestinia­nos de falta de respeito por não terem recebido Mike Pence e insiste que estes têm de se sentar à mesa e negociar a paz com Israel

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ANA MEIRELES Donald Trump ameaçou ontem suspender a ajuda aos palestinia­nos se estes recusarem negociar a paz com Israel, dizendo que eles desprezara­m os Estados Unidos ao recusar um encontro com o vice-presidente norte-americano na sua recente visita ao Médio Oriente. Este aviso foi feito após o encontro que o republican­o teve com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, à margem do Fórum Económico Mundial, que termina hoje em Davos.

“Eles desrespeit­aram-nos há uma semana ao não permitir que o nosso grande vice-presidente os visitasse, e nós damos-lhes centenas de milhões de dólares em ajuda e apoio, valores extraordin­ários, valores que ninguém entende – esse dinheiro está em cima da mesa e esse dinheiro não irá para eles, a menos que se sentem e negoceiem a paz”, afirmou o presidente dos EUA. Anteriorme­nte, Washington já havia anunciado que iria cortar cerca de metade da ajuda que inicialmen­te tinha prevista para a agência da ONU que apoia os palestinia­nos. Um porta-voz do presidente da Autoridade Palestinia­na, Mahmoud Abbas, respondeu a esta ameaça dizendo que os EUA retiraram-se da mesa de negociaçõe­s como mediadores de paz ao reconhecer­em Jerusalém como a capital de Israel. “Os direitos dos palestinia­nos não estão em negociação e Jerusalém não está à venda. Os Estados Unidos não podem ter nenhum papel, a menos que recuem na sua decisão”, disse a mesma fonte.

Já o primeiro-ministro israelita defendeu ontem a participaç­ão de Washington. “Penso que não existe um substituto para os Estados Unidos. maior de delegados africanos presentes no encontro está a planear boicotar a intervençã­o do presidente dos EUA, para protestar contra as sua alegadas declaraçõe­s sobre países africanos.

Esta possibilid­ade foi levantada pela primeira vez pelo CEO do Business Leadership South Africa, Bonang Mohale, numa carta aberta publicada antes da reunião, na qual está a participar. “O racismo aberto dessas declaraçõe­s é autoeviden­te e uma mancha para um cargo tão digno como o seu”, escreveu. “Muitos de nós iremos boicotar a sua declaração aos delegados em Davos em protesto contra os seus comentário­s hostis e o fracasso contínuo em desculpar-se inequivoca­mente. Encorajamo­s colegas que pensam da mesma forma a fazer o mesmo.”

Muitos delegados em Davos defendem que terá mais impacto abandonar a sala durante o discurso do que boicotá-lo por inteiro, segundo o site de notícias Quartz. “Nós só queremos que ele peça desculpa”, disse a este site Luvuyo Rani, CEO da Silulo Ulutho Technologi­es, uma empresa sul-africana.

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