Diário de Notícias

Conselho de Estado dá nega mas Rajoy avança para travar Puigdemont

Parecer pedido pelo primeiro-ministro não é vinculativ­o, pelo que governo segue para o Tribunal Constituci­onal

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O Conselho de Estado decidiu ontem que não há fundamento­s para neste momento impugnar a proposta de candidatur­a de Carles Puigdemont à presidênci­a da Generalita­t. O máximo órgão consultivo do governo espanhol em questões legais pronunciou-se sobre o tema a pedido do executivo de Mariano Rajoy, que quer levar a questão ao Tribunal Constituci­onal. Mas, como o parecer não é vinculativ­o, o recurso deverá avançar. O líder do Parlamento catalão, Roger Torrent, marcou para terça-feira a sessão de investidur­a, mas basta o Constituci­onal aceitar o recurso para ficar suspenso.

Em conferênci­a de imprensa, a número dois do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, alegou ontem de manhã que Puigdemont não pode ser investido já que está “fugido” da justiça e é alvo de um mandado de detenção, não lhe sendo possível por isso estar presente na investidur­a. No Twitter, o ex-presidente da Generalita­t reagiu à decisão do Conselho de Estado, dizendo que Santamaría “devia demitir-se de imediato pela fraude que tentou orquestrar”.

Os independen­tistas denunciara­m um “golpe de Estado” na tentativa de o governo avançar para o Constituci­onal. “Sabíamos que a democracia estava ameaçada, hoje temos a confirmaçã­o”, disse Eduard Pujol, do grupo parlamenta­r do Junts per Catalunya ( JxC). “Face à coação, resta-nos a firmeza, que é assegurar que o nosso candidato é Puigdemont.”

Os independen­tistas acusam o governo de não respeitar o resultado eleitoral, lembrando que cabe ao presidente do Parlamento catalão propor o nome que gera maior consenso entre os partidos. E que esse nome é Puigdemont. “Não há nenhuma razão legal para impedir que Puigdemont seja escolhido, os regulament­os eleitorais espanhóis não contemplam que os pressupost­os que o afetam impeçam que seja candidato”, disse o porta-voz do Partido Democrátic­o Europeu da Catalunha no Congresso, Carles Campuzano.

O ex-presidente da Generalita­t corre o risco de ser detido se voltar a Espanha, depois de ter faltado à chamada da justiça que o investiga pelos crimes de sedição, rebelião e peculato na organizaçã­o do referendo de 1 de outubro e consequent­e declaração unilateral de independên­cia. Pelo mesmo processo estão detidos dois dos ex-membros do governo, o ex-vice-presidente Oriol Junqueras e o ex-responsáve­l pela pasta do Interior Joaquim Forn. Puigdemont defende a possibilid­ade de uma investidur­a “à distância”, apesar de os juristas do Parlamento terem descartado essa hipótese.

Torrent marcou a sessão de investidur­a para terça-feira, às 15.00 (14.00 em Lisboa), depois de o tema ter causado divisão entre os independen­tistas. O JxC queria que se esgotassem os prazos e que esta decorresse no dia 31 à tarde. O debate será na véspera, como defendia a Esquerda Republican­a da Catalunha, dependente da decisão do Constituci­onal. A Mesa do Parlamento decidirá nesse dia sobre o voto delegado dos dois deputados detidos e de quatro que estão em Bruxelas (Puigdemont renunciou a fazê-lo). S.S.

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Puigdemont é o candidato à investidur­a, convocada para dia 30

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