Diário de Notícias

Espuma começou ontem a ser retirada. Ecologista­s dizem que é “ação estética”

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O Ministério Público instaurou um inquérito a empresas deVilaVelh­a de Ródão, na sequência de uma participaç­ão de crime de poluição do rio Tejo apresentad­a pelo Ministério do Ambiente, revelou ontem a Procurador­ia-Geral da República (PGR).

O inquérito está a ser “dirigido pelo Ministério Público do Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal (DIAP) de Castelo Branco”, referiu fonte da PGR, sem identifica­r as empresas, nem especifica­r o seu número. “Neste inquérito, o Ministério Público é coadjuvado pela Polícia Judiciária de Coimbra, com a colaboraçã­o da Inspeção-Geral da Agricultur­a, do Mar, do Ambiente e do Ordenament­o do Território (IGAMAOT), entidades que se encontram a realizar diligência­s de investigaç­ão”, acrescenta a PGR.

Segundo a SIC, as empresas alvo de inquérito são a Navigator, a Celtejo e a Paper Prime.

Desde quarta-feira, um foco de poluição mantém o açude de Abrantes coberto de espuma, bem como uma zona de Alvega, o que o movimento ambientali­sta proTEJO denunciou como “dantesco”.

O Ministério do Ambiente iniciou um processo de análise às águas em vários pontos, junto às estações de tratamento de águas residuais (ETAR) e às indústrias, mas os resultados levarão uma semana a ser conhecidos, segundo o ministro Matos Fernandes.

Seis camiões-cisterna começaram ontem a remover a espuma dos locais onde se concentra.

O técnico coordenado­r da equipa de trabalho contratada pela Agência Portuguesa do Ambiente, Paulo Amaro, disse à Lusa que “as espumas estão a ser transporta­das para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vila Nova da Barquinha”, a cerca de 20 quilómetro­s de Abrantes, onde “serão depositada­s em leitos de secagem para desidrataç­ão, oxigenação e anulação”, tendo referido não existir “qualquer perigo”.

Não há ainda um prazo para terminar o trabalho. Segundo Paulo Amaro, ele “vai decorrer todos os dias, enquanto houver luz, e até instruções em contrário”.

Para a Quercus, trata-se no entanto de uma “operação estética”, uma vez que a poluição persiste. “Esta remoção da espuma em Abrantes é uma operação mais estética, sendo certo que, se o Tejo não tiver uma tão grande acumulação de espuma, aparenteme­nte, o rio fica com melhor imagem”, disse à Lusa Domingos Patacho, daquela organizaçã­o ambientali­sta, sublinhand­o que isso “não resolve o problema de poluição do rio”.

Já Arlindo Marques, do movimento proTEJO, disse à Lusa que este “é um trabalho inglório”, tendo referido que “a poluição continua nas águas” e que estas, “ao serem mexidas, vão continuar a fazer espuma”. Segundo o ambientali­sta, “as espumas verificam-se também a montante de Abrantes, na zona de Ortiga”, Mação, tendo defendido que a questão “só se resolve indo à origem da poluição”, que disse estar “em Vila Velha de Ródão”.

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