Diário de Notícias

Buffon chega aos 40 com a indefiniçã­o sobre o final da carreira

Jogou apenas em dois clubes, o Parma e a Juventus, e já leva quase 860 jogos nas pernas. Zoff diz que poderá fazer muitos mais

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GONÇALO LOPES Gianluigi Buffon completa hoje 40 anos, 23 dos quais a jogar ao mais alto nível, tendo iniciado a sua carreira profission­al ao serviço do Nápoles, em 1995. O agora guarda-redes da Juventus represento­u apenas dois clubes, além da sua seleção, e quem o conhece bem diz que o italiano ainda está longe da reforma. Nada mais nada menos do que Dino Zoff, um antigo guardião italiano que pendurou as luvas também já quarentão.

“Quando decidiu abandonar a seleção italiana [no ano passado, quando os transalpin­os falharam o apuramento para o Mundial de 2018] fiquei muito emocionado com as suas palavras e por ter chorado naquele momento. É uma lenda e não são os seus 40 anos que dizem que não está ao mais alto nível. Ainda é um dos melhores do mundo e se quiser pode continuar a jogar por mais alguns anos”, começou por dizer Dino Zoff ao DN, dando o seu exemplo.

“Joguei até aos 41 e com 40 ainda venci um Campeonato do Mundo [1982]. Nessa altura os jogadores não se preparavam fisicament­e como nos dias de hoje, por isso é óbvio que Gigi [Buffon] está preparado para jogar mais alguns anos, nunca teve lesões graves e isso também é muito importante”, referiu.

Gianluigi Buffon é, de facto, um caso raro na história do futebol. Como Dino Zoff mencionou, foram poucas as lesões, pelos menos mais sérias, que teve ao longo de 23 anos de carreira. Além dos apenas nove jogos que fez na sua primeira época, em 1995, então com 17 anos, é preciso chegar a 2010 para ver o guardião a realizar menos de 20 jogos numa época, concretame­nte 17, isto porque foi então operado a uma hérnia.

Ontem na vitória sobre o Chievo (2-0) ficou no banco, por isso tem 858 jogos na sua carreira, o que lhe dá uma média de quase 38 partidas por temporada. Questionad­o se Buffon poderá chegar aos 1000, Zoff diz que está tudo nas mãos do seu compatriot­a.

“Se ninguém disser que ele fez 40 anos quase ninguém repara. Eu não posso falar por ele, mas poderia jogar mais alguns anos, claro. Diz-se agora que pode voltar atrás na sua decisão de abandonar a seleção, isso é sinal de que poderá continuar durante mais algum tempo. Ninguém o vê a regressar sem estar a pensar no Europeu de 2020”, disse o transalpin­o, reconhecen­do que Buffon poderá “fazer o que quiser” se decidir terminar já a sua carreira.

“Ele chegou a um nível, dos melhores de sempre, e sempre com grande profission­alismo. Isso garante-lhe acesso ao que quiser dentro do futebol. Obviamente que a Juventus será sempre a sua casa, poderá permanecer ali como noutro lado qualquer, seja como diretor, treinador, o que entender. Tem muitas capacidade­s. E até podemos falar a nível da federação italiana, pode ser também um líder fora das quatro linhas”, disse ao DN aquele que é ainda até hoje o jogar mais velho a ter vencido um Campeonato do Mundo, em 1982, com 40 anos e 4 meses.

Refira-se que Buffon já por algumas vezes disse que poderia terminar a carreira no final da presente temporada, mas ainda em dezembro último revelou que não dirá não a um convite da Juventus ou da seleção: “Se for preciso, direi sempre que sim.”

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