Adriano Sérgio leva a oficina para palco e constrói guitarras mesmo à nossa frente
Manuel Wiborg interpreta O Homem da Guitarra, de John Fosse, em diálogo com a “música” produzida por Adriano Sérgio, que está em palco a construir guitarras – que, mais do que instrumentos, são também peças únicas e belas
tarra, que é aquele que cuida das guitarras dos músicos. Depois de uma digressão europeia com os Moonspell, começou também a trabalhar com bandas estrangeiras, sobretudo na área do metal, como Kreator, Ozzy Osbourne e Anthrax. E, pelo meio, abriu uma oficina de restauro de instrumentos.
Até que, há cerca de três anos, decidiu dedicar-se por completo à construção de guitarras e criou a sua marca, Ergon. “Construir um instrumento é fácil, é só saber a técnica. A minha abordagem é outra: quero criar objetos únicos, com um lado escultural e ao mesmo tempo que sejam confortáveis.” Para a sua oficina, Adriano traz todos os seus conhecimentos de músico e também de técnico, e depois tudo o resto, como o gosto que tem pela escultura e pela arte em geral, o design e o prazer enorme que tem em fazer isto: “Nunca copiei um instrumento, recuso-me. Aliás, nem as minhas guitarras copio. De cada vez, mudo alguma coisa, porque já tenho um conhecimento diferente e o meu estado de espírito é diferente.”
As suas guitarras são lindas. E quem as toca diz que são também boas. Por isso, o seu trabalho tem sido reconhecido internacionalmente. “Um bom instrumento é feito por boas madeiras, um bom design para ser confortável e tem de ser feito com toda a precisão. Preciso de fazer tudo o mais bem feito possível. Ter boas ferramentas ajuda imenso. E usar os ouvidos – isso é talvez o mais importante.”
Aos 51 anos, Adriano volta ao palco mas apenas porque pode levar um pouco da sua oficina para lá. “É onde me sinto mais confortável”, diz. Está muito longe da vida de músico, de estrada, dos concertos, da noite. Na sua oficina, nos arredores de Loures, Adriano sente-se em casa. Num canto, está o contrabaixo que toca, de vez em quando. Quando lhe apetece. “Continuo a gostar de tocar mas só por puro prazer.”