O Nuno Artur, o CGI e a vitória da calúnia e do nojo
OPEDRO MARQUES
LOPES Dr. Nuno Artur Silva foi responsável, nos últimos três anos, pela reconfiguração estratégica da política de conteúdos da empresa, numa ótica de serviço público de media, tarefa que desempenhou de modo altamente meritório e sucessivamente reconhecido pelas instâncias de escrutínio da empresa.”
Este parágrafo consta do comunicado do Conselho Geral Independente, órgão que, entre outras coisas menores, define o conselho de administração da RTP. O elogio não é de pouca monta. A mim não me admira. Conheço o Nuno e sei bem dos seus profundos conhecimentos da área, de como sabe tudo sobre televisão, da sua criatividade, da sua capacidade de trabalho e da forma como inventou grande parte do entretenimento que se fez em Portugal nos últimos trinta anos. A minha opinião sobre os conhecimentos dele sobre televisão não conta, mas posso responder pela sua seriedade e honestidade sem mácula.
Porém, não há especialista ou profissional do setor que não lhe louve as enormes qualidades profissionais. Como não há quem não reconheça que a RTP se tornou uma televisão realmente virada para o serviço público, com critérios de qualidade, com uma aposta forte em conteúdos portugueses, com uma informação isenta e que não embarcou em voyeurismos, escândalos e porcarias do género. E foi obviamente por aquelas qualidades que foi escolhido para reconfigurar estrategicamente a RTP na ótica do serviço público, tarefa que desempenhou de modo altamente meritório e foi por causa dos resultados alcançados que foi sucessivamente reconhecido pelas instâncias de escrutínio da empresa. E tudo isto diz o CGI.
No entanto, reza ainda o comunicado, “a sua continuidade na RTP é, no entanto, incompatível com a irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados, cuja manutenção não é aceitável, não obstante o CGI, no âmbito das suas funções de supervisão e fiscalização, não ter verificado que isso tenha sido lesivo da empresa, no decurso do seu mandato”. O CGI não explica qual é o conflito de interesses, mas garante que não foi lesivo para a empresa. E não explica porque se tivesse de explicar cairia num enorme ridículo.
E a coisa até é fácil de contar. O Nuno Artur Silva quando foi convidado para administrador da RTP era proprietário de uma empresa chamada Produções Fictícias. Empresa que produziu programas relevantíssimos na televisão portuguesa, que lançou estrelas como o Ricardo Araújo Pereira, que escreveu milhares de textos para séries, programas de humor e um nunca acabar de trabalhos para a televisão, além de ser proprietária do Canal Q. O administrador da RTP não a conseguiu vender e o facto é que a sua atividade se reduziu muitíssimo. Incompatibilidade? Aquelas que eram conhecidas na altura da escolha do Nuno Artur e não fizeram o CGI hesitar em nomeá-lo? O facto é que a RTP não comprou um único conteúdo às Produções Fictícias, nada, nickles, zero – facto claramente admitido pelo CGI. E houve alguma vantagem, patrimonial ou outra, para quem quer que fosse das Produções Fictícias? Nada, nickles, zero, mais uma vez o admite o CGI. E houve algum artista que pelo facto de ter sido das