Diário de Notícias

Buscas nas Finanças não visaram gabinete de Mário Centeno

Magistrado­s e agentes da PJ estiveram no Terreiro do Paço. Procurador­ia confirma mas escuda-se no segredo de justiça, esclarecen­do apenas que as buscas foram no ministério

- MIGUEL MARUJO

A Procurador­ia-Geral da República (PGR) e o Ministério das Finanças confirmara­m ontem ao DN que agentes da Polícia Judiciária e magistrado­s do Ministério Público fizeram na sexta-feira de manhã buscas no edifício governamen­tal no Terreiro do Paço.

Fonte oficial da PGR confirmou a realização de buscas “para recolha de prova documental no âmbito de um inquérito em investigaç­ão no DIAP de Lisboa”, sem revelar de que caso se trata. O inquérito não tem arguidos constituíd­os e está em segredo de justiça, adiantou a fonte.

Depois de a notícia da realização das buscas ter sido dada ontem de manhã pelo Correio da Manhã, a edição online da revista Sábado adiantava que o Ministério Público está a investigar suspeitas de favorecime­nto a uma empresa do filho do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.

Segundo a Sábado, o Ministério Público quererá saber se Luís Filipe Vieira “apenas meteu uma cunha para apressar um processo de isenção de IMI relativo a uma empresa do filho ou se o caso pode envolver crimes”.

Recorde-se que a 8 de janeiro foi noticiado que Centeno teria facilitado o processo fiscal do filho do presidente benfiquist­a. Na altura, o gabinete do ministro das Finanças negou qualquer interferên­cia no processo, notando que “aquelas isenções são atribuídas mediante deliberaçã­o do município” e que é “com base nesta deliberaçã­o – que é genérica – [que] os serviços camarários comunicam as situações concretas aos serviços de Finanças do local de situação dos imóveis que, por sua vez, procedem ao averbament­o das isenções em execução da referida comunicaçã­o. Neste, como noutros processos da mesma natureza, não houve – como não teria de haver – qualquer intervençã­o do governo”.

Mais: na ocasião, Mário Centeno “assegura que em momento algum teve qualquer contacto com o presidente do Sport Lisboa e Benfica, ou com qualquer outra pessoa, a propósito de temas que se relacionem com interesses patrimonia­is do Benfica ou da família do seu presidente”.

A Procurador­ia-Geral fez saber ontem à tarde – já depois das notícias se multiplica­rem sobre estas suspeitas – “que as buscas foram no Ministério das Finanças, não no gabinete do ministro” Mário Centeno.

Do governante (e agora presidente do Eurogrupo) nem uma palavra. Fonte do ministério confirmou ao DN “a realização de ações inspetivas”, garantindo que as Finanças colaborara­m “de forma franca”, colocando “à disposição das autoridade­s judiciária­s todos os elementos solicitado­s”. “Respeitand­o o segredo de justiça”, o gabinete de Centeno não revelou o motivo das “ações inspetivas”.

As buscas foram feitas por magistrado­s da 9.ª secção do Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal (DIAP), que lida com o crime económico.

Segundo o Correio da Manhã, há várias investigaç­ões a processos que se cruzam com o Ministério das Finanças. Por um lado, a Operação Ciclone, que envolve a EDP e a REN quanto ao mecanismo dos custos para a manutenção de equilíbrio contratual (CMEC), mas também o caso das viagens de membros do governo (incluindo um deste gabinete) a França para assistir a jogos do Europeu de futebol, em 2016. Com BÁRBARA CRUZ

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Ministério de Mário Centeno foi alvo de buscas na sexta

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