José Mourinho e Antonio Conte ficam finalmente “cara a cara”, em mais um duelo escaldante entre Manchester United e Chelsea
Manchester United recebe o Chelsea no reencontro entre dois treinadores que começaram o ano a atacar-se duramente. Jogo grande na luta pelo segundo lugar
Mourinho e Conte. Cara a cara. Hoje. Old Trafford. 14.05 (SportTV3). Há um mês e meio, este cartaz poderia ser o prenúncio do Armagedão na Premier League. Depois da escalada vertiginosa de tom na troca de palavras entre os dois treinadores, que marcou o arranque de 2018, a perspetiva de um encontro próximo entre Manchester United e Chelsea assemelhava-se a um cenário bíblico sobre o fim dos tempos. “Vamos ter a oportunidade de resolver as coisas pessoalmente. Eu e ele, cara a cara. Eu estou pronto, não sei se ele está”, foi a última frase deixada no ar, em tom de ameaça, do italiano para o português.
No início de janeiro e o fim de fevereiro, no entanto, quase dois meses se cumpriram, muita água passou por baixo das respetivas pontes e Mourinho e Conte ganharam mais com que se preocupar do que um com o outro. Como, de resto, deixaram perceber pela forma como tentaram ignorar o assunto nas conferências de imprensa de antevisão deste duelo, importante para a discussão do segundo lugar da Premier League – o primeiro, esse, está bem distante do horizonte tanto do português como do italiano, com o Manchester City de Guardiola num ritmo à parte.
José Mourinho, que no final de janeiro renovou contrato até 2020, passou os últimos tempos mais “entretido” com a tentativa de domesticação de Paul Pogba, o médio por quem o United bateu um recorde mundial no verão de 2016 pagando mais de cem milhões de euros, mas cujo relacionamento com o técnico português parece ter caído num braço-de-ferro sobre a melhor forma de rentabilizar esse investimento em campo – o que levou mesmo Mourinho a deixá-lo fora do onze nas últimas partidas.
Além disso, o chileno Alexis Sánchez, que o Man. United contratou em janeiro ao Arsenal e transformou no mais bem pago jogador da Premier League (quase 500 mil euros por semana), também ainda não mostrou mais do que uns lampejos com a camisola 7 que já foi de Cristiano Ronaldo, Beckham e Best. E as críticas sobre o estilo de jogo calculista de Mourinho vão sendo resgatadas a cada resultado menos positivo, com o título inglês já como miragem (a 16 do City).
Já Conte entrou em guerra com a administração por causa da inação do clube de Roman Abramovich no mercado de transferências e tem visto aumentar as nuvens sobre o seu futuro em Stamford Bridge. Uma sucessão de resultados negativos no final de janeiro fez esvanecer a hipótese de revalidação do título e reforçou o mal-estar entre o técnico e o quadro de dirigentes, com o italiano a chegar a sugerir que “seria estúpido” da parte do Chelsea despedi-lo.
A meio desta última semana, após o 1-1 na receção ao Barcelona para a Liga dos Campeões, num jogo em que os blues londrinos deram forte sinal de vida, o técnico italiano voltou a deixar mensagem pública à administração. “Para continuar com um casamento, ambas as partes têm de estar de acordo. Já disse que tenho contrato até 2019 e quero respeitá-lo, mas no futebol muita coisa pode acontecer. Este clube mudou de treinador 14 vezes nos últimos dez anos”, lembrou Conte sobre uma realidade que atingiu o próprio Mourinho, por duas vezes, no Chelsea.
Com tudo isto pelo meio, a ameaça de fim do mundo no reencontro entre ambos esfriou e não foi retomada no jogo de palavras. “Não vou falar sobre isso. Muito bom treinador, equipa fantástica e isso é que é importante para mim”, afirmou José Mourinho. “Ambos dissemos coisas no passado. Por mim, está OK. Não estou interessado em falar sobre este assunto. Se lhe vou apertar a mão? Não estou interessado neste assunto”, disse Conte, que lidera o histórico frente ao português, com três vitórias e uma derrota.
Sem o Armagedão em Old Trafford, sobra um Manchester United-Chelsea para apreciar, num duelo entre o segundo e o quarto classificados (têm o Liverpool pelo pelo meio), que entram separados por três pontos (56-53). E, pelo sim pelo não, talvez seja melhor manter um olho na linha lateral.