“Até agora não vimos nada”
Este grande aumento de protestos na Saúde é justificável? Sim, justifica-se. Se o ministro da Saúde tivesse cumprido todos os compromissos que assumiu, nomeadamente nas questões das carreiras, não tínhamos chegado aqui. É verdade que muitas das questões já vinham de trás. Desde 2009 não temos progressões. O meu caso é sintomático. Não progrido desde 2005, sou especialista em saúde comunitária e saúde pública e não sou paga por isso. Continuo a ganhar os mesmos 1252 euros ilíquidos. A profissão de enfermeiro não é considerada de risco, a idade de reforma é a mesma, não tendo em conta o desgaste da nossa profissão. Mas não sente que o ministério está a tentar resolver isso? Não sinto de todo vontade do ministro em resolver os problemas, mentiu em compromissos que assumiu nitidamente para evitar greves. A negociação sobre a carreira dos especialistas é um exemplo, houve a promessa de apresentar uma nova carreira para os enfermeiros especialistas no primeiro trimestre deste ano para acabar com o protesto dos enfermeiros especialistas, mas até agora não apresentaram nada. E os constrangimentos das Finanças não colam, são todos do mesmo governo, não podem prometer coisas que não podem cumprir e as Finanças até estiveram representadas em reuniões. Se calhar houve excesso de expectativas... Não houve expectativas elevadas, mas mentiras. Quando chegou, o ministro disse-nos que ia resolver o problema das 35 horas de trabalho de uma foram muito simples: quem quisesse ficava com o horário de 40 horas, sendo essas cinco horas a mais pagas. Até agora não vimos nada, e já passaram dois anos. E a população entende tantas greves? Compreendo que as pessoas tenham dificuldades em entender as greves, mas devem entender melhor quando explicamos que devem milhares de horas aos enfermeiros e que quando os profissionais os vão atender já estão exaustos.