Diário de Notícias

Clã português procura fortuna na subida à elite do futebol holandês

Portuguese­s Miguel Santos, Mica Pinto, André Vidigal e Lisandro Semedo brilham em equipa que luta pela promoção à elite holandesa, 16 anos depois de ter de lá caído

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Miguel Santos, Lisandro Semedo e André Vidigal são três das figuras da campanha do Fortuna Sittard na II Liga holandesa

DAVID PEREIRA Dezasseis anos depois da última de 20 presenças na I Liga holandesa, o Fortuna Sittard está bem encaminhad­o para voltar à elite. Com quatro portuguese­s no plantel, um na equipa técnica e o jovem lateral esquerdo luso-romeno Alex Petrice nos sub-19, a formação orientada por Cláudio Braga (a meias com Kevin Hofland) já garantiu uma vaga no playoff de promoção, por ter vencido o segundo de quatro períodos (de nove jornadas) do campeonato, mas pode subir diretament­e caso termine a fase regular em primeiro.

Na pacata cidade de Sittard (quase 40 mil habitantes), junto às fronteiras com Alemanha e Bélgica, o clã luso vai sentindo o entusiasmo. “Sentimos expectativ­as altas por parte do clube e dos adeptos. Nos jogos fora, são 300 a 400 adeptos que costumam acompanhar a equipa. Para uma II Liga é muito bom. São muito apaixona- dos pelo clube e há muitos anos que não têm uma alegria”, relatou ao DN o guarda-redes Miguel Santos, 23 anos, o primeiro dos quatro portuguese­s a chegar ao clube, há pouco mais de um ano, depois de uma experiênci­a malsucedid­a nos ingleses do Port Vale.

“Estamos na luta. É como um barco, todos a remar para o mesmo lado, jogo a jogo, de três a três pontos e fazer contas no fim”, aditou o extremo André Vidigal, 19 anos, que aterrou na Holanda no início da temporada por empréstimo da Académica, mas que entretanto já assinou a título definitivo.

“É um objetivo muito grande. Queremos ser campeões e vamos lutar até ao último jogo. Sentimos que a cidade está connosco. Temos sete mil pessoas nos jogos em casa e levamos algumas centenas fora. É uma pressão boa e saudável”, contou o lateral esquerdo Mica Pinto, 24 anos, que foi contratado em janeiro, depois de ter alinhado no U. Madeira na primeira metade da época, cedido pelo Belenenses.

“As pessoas estão entusiasma­das e dão-nos apoio quando passam por nós na rua”, corroborou o extremo Lisandro Semedo, 21 anos, no Fortuna desde o verão, após passagens pelos sub-21 do Reading e pelo AEZ Zakakiou.

O quarteto luso tem em comum o empresário Paulo Veríssimo e o desejo de somar minutos num nível competitiv­o elevado. A missão está, para já, a ser cumprida. Todos têm sido titulares, Miguel Santos é um dos guarda-redes menos batidos do campeonato, Mica Pinto pegou de estaca, Lisandro Semedo foi eleito o melhor jogador do segundo período da II Liga (tem dez golos marcados) e André Vidigal leva sete remates certeiros no primeiro ano de sénior. Futebol no sangue de trio “Precisava de mostrar o meu valor e jogar todos os fins de semana. Tenho feito golos e assistênci­as. Não podia pedir mais. Tenho notado o interesse de alguns clubes da I Liga holandesa, mas nada em concre- to”, afirmou Semedo, nascido em Setúbal, primo afastado do médio sadino José Semedo e formado no Sporting, que apesar da boa temporada tenta abstrair-se de uma eventual chamada à seleção nacional de sub-21.

“Queria ganhar experiênci­a e foi uma aposta ganha. Por ser jovem, tenho de somar bastantes minutos. Quando cheguei, a equipa estava em 19.º lugar, mas saímos da zona de aflição com uma vantagem grande e esta época estamos a lutar pela subida”, confessou Miguel Santos, que passou quase uma década na formação do Benfica e é neto de uma glória encarnada dos anos 1950 e 1960, Artur Santos, de quem pretende seguir as pisadas: “Se um dia chegar ao patamar que ele atingiu, ao jogar pela seleção nacional, ser capitão do Benfica e campeão europeu (1960-61), irei sentir que a minha carreira foi bonita e boa.”

Quem também tem futebol no sangue é André Vidigal, da conhecida família de angolanos radicada em Elvas, com o tio Luís Vidigal como expoente máximo, por ter representa­do Sporting , Nápoles, Udinese e seleção nacional. “É o nosso ADN, nascemos com foco para o futebol. Todos os meus primos jogam no bairro desde pequeninos, é uma continuida­de. Há muitos futebolist­as na minha família, até mulheres. É um grande sonho ser profission­al de futebol”, vincou o internacio­nal sub-20 português, um jogador de ataque ao contrário do pai, Beto, e dos tios Lito, Jorge, Luís e Toni. “Eles dão-me muitos conselhos. O meu tio Luís diz-me para nunca desistir e para levar todos os dias a sério. Isso identifica-se com o jogador que ele foi, muito lutador”, revelou o extremo, que tem o sonho de jogar no Barcelona ao lado de Messi.

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