Diário de Notícias

Tesouro já garantiu mais de 40% do financiame­nto do ano

Portugal está a aproveitar os juros baixos para acelerar o plano de financiame­nto e evitar a possível instabilid­ade da retirada do BCE. S&P diz que perfil da dívida melhorou

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Mário Centeno disse que a taxa da última emissão de dívida foi “assinaláve­l” e que reflete “confiança na economia portuguesa”

RUI BARROSO Os investidor­es continuam a mostrar apetite por dívida portuguesa e o Tesouro está a aproveitar para acelerar o plano de financiame­nto. O primeiro trimestre ainda não terminou e o Estado já garantiu 43% do dinheiro pretendido para 2018. Os analistas elogiam a estratégia que está a ser seguida, até porque permite que Portugal tenha maior folga na segunda metade do ano, altura em que a retirada dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE) poderá causar instabilid­ade no mercado de dívida.

Nesta semana, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) conseguiu financiar-se a dez e a 27 anos com os juros mais baixos de sempre. Colocou 1,25 mil milhões de euros de dívida na passada quarta-feira, aumentando o valor obtido desde o início do ano para 6,5 mil milhões. O obque jetivo para 2018 é ir buscar ao mercado, em dívida de médio e longo prazo, cerca de 15 mil milhões de euros.

Rui Serra, economista-chefe do Montepio, defende ao DN/Dinheiro Vivo que aproveitar as atuais condições de mercado para acelerar o plano de financiame­nto é “uma boa estratégia, quer no sentido de precaver eventuais evoluções do sentimento dos investidor­es relativame­nte aos chamados países periférico­s da zona euro quer pelo facto de as taxas de juro da dívida portuguesa estarem em níveis muito baixos”.

O BCE vai continuar a comprar dívida de países da zona euro até, pelo menos, setembro deste ano. Depois disso, deverá anunciar como irá terminar o programa, o que poderá ter impacto nos juros da dívida europeia. “É expectável que a sua conclusão pressione as condições de financiame­nto e é compreensí­vel que o IGCP aproveite o período em que estas são mais favoráveis para garantir as suas necessidad­es de financiame­nto”, refere a equipa de research do BiG.

Já Anne Karina Asbjorn, analista do banco de investimen­to Nomura, nota que, apesar do ritmo de emissões estar mais alto do que nos últimos dois anos, está em linha com o que aconteceu em 2014 e 2015. Mas realça que, dado o grau de execução do plano de financiame­nto deste ano, o Tesouro vê reduzida a necessidad­e de contratar

milhões Desde o início do ano, o Tesouro já se financiou em 6,5 mil milhões de euros em dívida de médio e de longo prazo. bancos para fazer uma emissão sindicada, um tipo de operação que envolve valores maiores do que os leilões de dívida. Jens Peter Sorensen, analista do Danske Bank, considera que “é sempre uma boa ideia estar um passo à frente e fazer pré-financiame­nto dado também que o BCE irá acabar o programa de compras em 2018”. A ajuda do rating Apesar da perspetiva da retirada do BCE, os juros da dívida portuguesa têm batido mínimos e descido mais em relação aos de outros países do euro. E os analistas estão confiantes que continuem a ter bom desempenho. “Não estou demasiado preocupado. Continuarã­o a existir compradore­s após [o programa do BCE], dada a recuperaçã­o económica em curso e as subidas [de rating]”, considera Jens Peter Sorensen. O analista acredita que os juros de Portugal ainda têm margem para descer, sinalizand­o

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