Chegaram os móveis, todos desenhados por Daciano da Costa. Era intrigante: faltava sempre uma almofada a um determinado sofá
O sorriso do chefe do protocolo das comunidades que em meados de dezembro de 1991 veio ver como estavam as obras desvaneceu-se quando teve de colocar um capacete na cabeça e observou que o chão do hall estava coberto de cartões e os vidros começavam a ser aparafusados. “Era uma espécie de cenário”, recorda Maria Pinto Basto, mas na data certa estava tudo pronto para receber os responsáveis europeus. Claro, desde que ninguém fosse espreitar o Grande Auditório – “abria-se a porta e era um buraco”.
Acontece que o Grande Auditório não fazia falta à presidência europeia e só veio a ser inaugurado em setembro de 1993. Mas os gabinetes estavam preparados, as ilhas no interior devidamente blindadas para uma segurança apertada. Num dos gabinetes do fundo ficava Jacques Delors, ali perto François Mitterrand e os outros responsáveis europeus, por ordem alfabética para não criar problemas. Só a troika – a Holanda, que tinha presidido no semestre anterior, Portugal e o Reino Unido, que se seguiria nos últimos meses de 1992 – estava fora da ordem alfabética. Ainda assim, “felizmente – diz Maria – o presidente Mário Soares preferiu que o hino fosse tocado no exterior, no dia 1 de janeiro de 1992”.
Apesar de o “dono da obra” ser uma entidade difusa na altura, os trabalhos iam correndo. Gregotti queixava-se então de não ter interlocutores e de ter tido de tomar decisões tão de pormenor como o tipo de máquina de café a instalar na cafetaria. Tinha dividido o conjunto em três módulos: o centro de