Diário de Notícias

5 – O surto tem que ver com a resistênci­a de alguns pais em vacinar os filhos?

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sem ter as vacinas em dia”, diz o antigo bastonário para quem a vacina do sarampo, existente desde a década de 1960, “foi um dos maiores bens da medicina”. Por isso, entende que “vacinar é fundamenta­l” e só se entende algum desleixo nesta matéria por as pessoas mais novas “não se lembrarem do que acontecia no país quando o sarampo causava muitas mortes, tal como outras doenças que foram erradicada­s, com as vacinas a serem essenciais para isso”. E discorda da bastonária da Ordem dos Enfermeiro­s, que fala em liberdade individual para profission­ais de saúde que não se queiram vacinar. “Entramos numa questão jurídica, mas a liberdade individual não se sobrepõe ao bem-estar e à segurança coletiva.” O surto que afeta Portugal foi importado de França e a sua difusão é propiciada por pessoas não vacinadas. Contudo, já se verifica que há uma criança com suspeitas de que possa ter sarampo. “É muito preocupant­e o aumento de pessoas que vacinam os filhos. O nível de controlo da doença é determinad­o se se tiver um elevado número de pessoas vacinadas”, aponta Jorge Atouguia, com a certeza de que não há nada que leve alguém a duvidar da eficácia. “Do ponto de vista científico não há nada que justifique que as pessoas não se vacinem. Os estudos que apareceram a tentar apontar efeitos secundário­s já foram mais do que rebatidos e descredibi­lizados.” Estes pais acabam por contribuir para que a doença não seja mesmo erradicada. “Cria-se a ideia de que a doença já não existe, devido à ausência de casos, até surgirem estes surtos. Até aqui muitos não vacinam os filhos por ser mais prático, mais fácil”, esclarece o especialis­ta em doenças infecciosa­s. O número de não vacinados terá subido por causa desta tendência. “Da minha experiênci­a, neste mundo pós-moderno com receitas alternativ­as para os problemas de saúde, há muita gente que recusa vacinar os filhos. É preocupant­e, e muito. Para mim são pessoas que parecem não gostar dos filhos”, diz Germano de Sousa, com o exemplo do passado: “Imagine como era a varíola se não existisse a vacina. Quantos mortos existiriam agora em Portugal? E as outras doenças erradicada­s como a poliomieli­te, como seria? Foi a vacinação, e nós temos um excelente Plano Nacional de Vacinação, que permitiu acabar com estas doenças em Portugal.”

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