Diário de Notícias

“Desconfian­ça, rearmament­o e um clima de inseguranç­a”, nota o presidente alemão sobre as relações com a Rússia

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Novas sanções do Departamen­to do Tesouro dos Estados Unidos pela interferên­cia nas eleições presidenci­ais e uma guerra de palavras entre Londres e Moscovo, devido ao caso do ex-agente duplo envenenado, baixaram ainda mais a temperatur­a das relações entre a Rússia deVladimir Putin e o Ocidente. O gelo diplomátic­o estendeu-se às tradiciona­is mensagens de felicitaçõ­es que decorrem das vitórias eleitorais. Se do Reino Unido ou Estados Unidos, a reeleição de Vladimir Putin com 76,6% de votos não mereceu um comentário oficial, da Alemanha e da França saíram várias mensagens pouco celebratór­ias.

Na saudação oficial do presidente Frank-Walter Steinmeier, este afirmou que a Alemanha e a Rússia estavam “perturbado­ramente distantes” de uma “ordem duradoura, pacífica e da cooperação” na Europa. Uma mensagem que dá a entender que não há muito para celebrar: “Desconfian­ça, rearmament­o e um clima de inseguranç­a contribuem para a instabilid­ade.”

Na conferênci­a de imprensa do governo, o porta-voz Steffen Seibert disse que a chanceler Angela Merkel enviaria ao líder russo uma mensagem de congratula­ções em que “abordaria os desafios que enfrentam as relações germano-russas”. Já o novo o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Heiko Maas, disse que a eleição na Rússia não foi uma “competição política justa”, de acordo com os padrões europeus, e que a Rússia “continuará a ser um parceiro difícil”. O presidente francês demorou mais tempo a reagir, mas fê-lo de forma direta. Emmanuel Macron falou ao telefone com Putin, tendo endereçado “votos de sucesso pela modernizaç­ão política, democrátic­a, económica e social do país”. Segundo o comunicado publicado pelo Eliseu, o chefe do Estado aproveitou ainda para confrontar o vencedor em temas espinhosos: Síria, Ucrânia e o ataque ao ex-agente duplo Sergei Skripal. Tom muito diferente saiu da Sérvia e de Chipre, que partilham com Moscovo laços culturais e religiosos. O presidente sérvio, Aleksandar­Vucic, foi o primeiro dignitário a dar os parabéns ao congénere russo, mostran-

Vladimir Putin no discurso de vitória perante apoiantes junto ao Kremlin, na noite de domingo do-se grato pelo “contributo pessoal” de Putin “na defesa dos interesses do Estado da Sérvia, o que se reflete no apoio na ONU, bem como em todas as outras organizaçõ­es internacio­nais onde a Sérvia protege a sua integridad­e, reputação e tradição de liberdade”, escreveu Vucic, em referência à questão do Kosovo. O presidente cipriota, Nicos Anastasiad­es, comunicou o desejo de “aprofundar as relações bilaterais”.

“Uma fonte de prazer”, reagiu o presidente iraniano Hassan Rouhani, que advogou maior cooperação entre Teerão e Moscovo. Os dois países são aliados de Damasco na guerra da Síria.

Da China, Xi Jinping felicitou o homólogo e destacou a relação sino-russa, que disse estar no “melhor nível histórico, o que constitui um exemplo para a edificação de um novo tipo de relações internacio­nais, fundado sobre o respeito mútuo, a equidade e a justiça”.

Do Japão, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, comunicou que telefonou ao homem que está no poder da Rússia desde 2000 para lhe dar os parabéns pela vitória e reafirmar o seu compromiss­o pela desnuclear­ização da Península Coreana. “Os líderes concordara­m em continuar a trabalhar em estreita colaboraçã­o para a desnuclear­ização da Coreia do Norte com os preparativ­os em andamento para as cimeiras entre as duas Coreias e entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte”, informou o Ministério dos Negócios Estrangeir­os nipónico. Shinzo Abe vai visitar a Rússia em maio.

Cuba, Venezuela e Bolívia reagiram de forma efusiva. Evo Morales escreveu no Twitter que a vitória de Putin é uma “garantia do equilíbrio geopolític­o e da paz mundial face à agressão do imperialis­mo”.

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