Serial bomber na origem de atentados bombistas na capital do Texas
AUSTIN Autoridades consideram que ataques podem ser crimes de ódio racial e que atacante está familiarizado com explosivos
Dois mortos e quatro feridos, um deles em estado muito grave, eram até ontem à noite o resultado de uma série de explosões que se têm verificado desde o início do mês na cidade de Austin, a capital do Texas. Ataques que são atribuídos a um serial bomber (assassino em série com bombas) pelas autoridades locais e que será uma pessoa claramente com conhecimentos na matéria. Exemplo disso foi a mais recente bomba, que foi detonada domingo à noite por dois indivíduos que tropeçaram num fio que acionou o engenho. Ambos ficaram feridos e a polícia divulgou um aviso, pedindo um nível “mais elevado de vigilância” e alertando para a necessidade de “não se mexer em qualquer embalagem suspeita”.
As explosões iniciaram-se a 2 deste mês, quando explodiu um embrulho entregue em casa de Anthony Stephen House, de 39 anos. Se House e a outra vítima mortal, Draylen Mason, de 17 anos, eram negros assim como a mãe deste último, os restantes três feridos são uma idosa hispânica e os dois indivíduos brancos, alvo da explosão de domingo. Com exceção deste último incidente, todas as outras explosões foram com embrulhos entregues nas residências das vítimas. As explosões têm ocorrido em diferentes pontos da cidade.
Perante este quadro, a polícia anunciou uma recompensa de 115 mil dólares (cerca de 93 200 euros) para quem forneça informações que levem à captura do atacante, ao mesmo tempo que pedia a este para se entregar ou, pelo menos, entrar em contacto com as autoridades e explicar os motivos das suas ações. Numa primeira interpretação dos ataques, a polícia não exclui a hipótese de se estar perante crimes de ódio racial, atendendo a que as duas vítimas mortais, assim como a idosa hispânica, são pessoas de minorias étnicas habitualmente alvo dos supremacistas brancos.
Falando após a explosão na noite de domingo, o responsável da polícia de Austin, Brian Manley, afirmou-se convicto de “estarmos perante um assassino em série, tendo sido identificados aspetos comuns em todos os engenhos explosivos”. Manley destacou ainda o facto de o último engenho ser de natureza “mais sofisticada” do que os anteriores. Evidência que aponta para, pelo menos, um conhecimento profundo nesta área.
Se nos primeiros dias o ambiente do dia-a-dia não sofreu alterações significativas, ontem os órgãos de comunicação americanos salientavam estar-se a instalar em Austin, cidade com quase 950 mil habitantes, uma atmosfera de medo e pânico. O responsável do FBI pela investigação em curso, Christopher Combs, considera que, com a explosão de domingo, “aumentou muito” o risco. O “bombista demonstrou que é capaz de fazer engenhos complexos, de fazer mais vítimas e de atuar de forma aleatória. Nada disto é bom”, disse Combs, citado pela AP.
Mais de 700 chamadas tinham sido recebidas até ontem pelas autoridades; nenhumas delas se mostrou concludente.