Espanha quer hóquei com capacete dentro de dois anos
Segurança. Existem cerca de 15 lesões na cabeça todos os fins de semana. Presidente da federação da Catalunha já estuda soluções
Em Espanha, todos os fins de semana, em cerca de 500 jogos de hóquei em patins, surgem cerca de 15 lesões graves na cabeça dos atletas. Nesse sentido, a federação local de patinagem criou um grupo de trabalho para solucionar este problema e a ideia passa por obrigar os jogadores a utilizar capacete num prazo máximo de dois anos.
Este assunto não é inédito e há muito que é debatido no hóquei mundial. Para já, no entanto, aWorld Skate, que gere a modalidade a nível mundial, ainda proíbe o uso de capacetes e proteções faciais sem um devido relatório médico. A federação espanhola, contudo, adiantou-se a todo este processo e está a estudar soluções para evitar casos como os de Oriol Garcia, jogador do Girona, que recentemente teve de ser suturado na cabeça com 40 pontos, ou ainda de um jovem do Barcelona que ficou praticamente cego de um olho.
“Uma lesão num braço, uma ferida numa perna ou uma fratura de um osso tratam-se rapidamente, mas uma ferida na cabeça é muito mais perigosa e pode deixar sequelas para toda a vida”, disse Carles Altimiras, presidente da Federação Catalã de Patinagem, ao jornal El País, na sequência deste estudo.
O jornal generalista espanhol falou também com Guillem Trabal, internacional espanhol e jogador do Benfica, que entende a preocupação da federação espanhola. “O hóquei, a nível da cabeça e da cara, é um desporto muito perigoso”, referiu o guarda-redes, que, ainda assim, vê os atuais jogadores a sentirem dificuldades com a perspetiva de terem de utilizar capacetes durante os jogos. “Penso que se deveria começar por implementar primeiro nas categorias inferiores até chegar aos seniores.”
Com mais ou menos dificuldades de adaptação a esta nova realidade, a verdade é que a federação do país vizinho vai impor esta regra no prazo máximo de dois anos e não admite nenhuma recusa por parte de clubes ou jogadores.
“Queremos que o capacete faça parte do equipamento do atleta. Não há argumentos para dizer que não. Quem seja contra irá fracassar nesta modalidade. Queremos um capacete ajustado a este desporto e que o jogador não perca a visão do jogo. Serão feitas provas e também falaremos com os jogadores, para que estes ajudem no desenho e percebam as vantagens da utilização de um capacete de proteção”, salientou Carles Altimiras, referindo também que a ideia passa por implementar o capacete dentro de dois anos, com um período de transição, até que o uso passe mesmo a ser obrigatório.
“Não vamos impor nada de um momento para o outro. Teremos de falar com a federação internacional, com os jogadores e clubes, passando depois por um período de transição, até que seja obrigatório para todos. Vamos aguardar as respostas de todos, ouvir várias opiniões, mas estamos totalmente decididos a avançar. Em primeiro lugar está a segurança dos jogadores, isso é o mais importante para todos, desde os jovens até aos mais velhos”, salientou o máximo dirigente da federação da Catalunha.
André Azevedo, o caso recente
Em Espanha foi realizado este estudo, onde se verificou uma média de 15 acidentes por fim de semana. Em Portugal, contudo, também se têm registado lesões graves, como foi o caso do avançado do Juventude de Viana, André Azevedo.
No passado mês de janeiro, o jogador foi atingido por uma bola e acabou por fraturar o osso malar e ainda teve uma lesão ocular, que o tem afastado da competição, por tempo indeterminado.
Em 2009, também o antigo jogador Ricardo Figueira sofreu uma lesão grave na face, que o levou a usar óculos de proteção durante a sua carreira desportiva.